Edição 99 ● Setembro de 2020
Nova publicação do Arquivo Nacional resgata documentos histórico para a Arquivologia brasileira
O Arquivo Nacional está lançando o livro digital O primeiro plano de classificação do Arquivo Nacional: experiências de preservação e ampliação do acervo. A obra, organizada por Louise Gabler, resgata um documento publicado originalmente em setembro de 1876, pelo então Archivo Publico do Império.
O registro é identificado como "Plano provisório da classificação de documentos do Archivo Publico" e foi o primeiro instrumento classificatório adotado pelo AN. Dirigido à época por Joaquim Pires Machado Portella – que havia sido nomeado para o cargo em 1873 – o Archivo (assim mesmo com "ch") era uma instituição tímida, ainda muito ligada ao recolhimento de documentos produzidos pelo Ministério do Interior do Império. A gestão de Portella tentou impulsionar a organização e o plano fazia parte deste projeto.
Esquecido durante mais de um século, o plano de classificação resgatado pelo AN divide a estrutura do arquivo em seções, classes e séries. Na forma e no conteúdo, o documento é muito visivelmente inspirado nos planos de classificação confeccionados na França, em meados do século XIX. A influência francesa ainda era forte na rotina das instituições administrativas do Império – relação que seria substituída pela incidência estadunidense, a partir do século XX.
O resgate do plano de 1876 marca uma inflexão importante na relação do Arquivo Nacional com sua própria história. Durante anos, o AN desprezou seu arquivo, ajudando a contribuir para o desconhecimento brasileiro a respeito da história das instituições arquivísticas e da própria Arquivologia em geral. Recentemente, o Arquivo começou a reduzir tal obscuridade, digitalizando documentos importantes, como a revista Arquivo & Administração e registros da extinta Associação dos Arquivistas Brasileiros (AAB). Ainda são poucas, entretanto, as iniciativas da instituição em relação ao seu próprio acervo.
Uma realidade que talvez comece a mudar quando estes documentos forem mais intensamente mobilizados para pesquisas pelos próprios investigadores da área.
Brasil
O Arquivo Público do Estado de São Paulo recolheu um lote de documentos da Companhia Paulista de Obras e Serviços (CPOS) e decidiu manter a documentação em quarentena. A ideia é impedir a disseminação do novo coronavírus através de eventuais documentos contaminados.
Por falar em recolhimento, o procedimento foi regulalmentado pelo Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, na semana passada, através da Portaria APERJ Nº 55.
E por falar em legislação, foi publicada no último dia 23 a Lei Nº 14.063, que dispõe sobre o uso de assinaturas eletrônicas entre entes públicos.
A Diretoria de Arquivos Institucionais da Universidade Federal de Minas Gerais está com novo sítio eletrônico. Confira!
Documentos públicos sobre a trajetória de dois importantes líderes militares da Força Expedicionária Brasileira (FEB) desapareceram dos arquivos do Exército. A denúncia foi feita pelo jornal O Estado de São Paulo.
Cerca de 50 cartas inéditas escritas por Clarice Lispector estão sendo publicadas na obra Todas as cartas, lançada este mês. Entre os correspondente da escritora estão Rubem Braga e Mário de Andrade.
Dezessete instituições assinaram, na semana passada, a Carta Aberta em Defesa do Centro Técnico Audiovisual da Cinemateca Brasileira.
Estão abertas as inscrições para o I Seminário de Vivências Arquivísticas. O evento ocorre entre os dias 19 e 21 de outubro, com o tema "Tecnologias, informação e comunicação no fazer arquivístico". Uma promoção do curso de Arquivologia da UFAM.
No dia 2, o 3º Fórum FIOCRUZ de Memória promove a mesa "Ditadura, arquivos e lugares de memória". O evento ocorre virtualmente, às 10h.
E amanhã a professora Anna Carla Mariz apresenta a palestra "A importância do contexto de produção para os documentos fotográficos nos arquivos". Uma relação do Laboratório de Sistemas de Informação Digital, da UFES.
Mundo
O exército de El Salvador impediu que o Judiciário do país acessasse os arquivos sobre o massacre de El Mozote, que matou mil camponeses, em 1981. Delegados da Procuradoria para a Defesa dos Direitos Humanos do país chegaram a ser impedidos (por soldados) de entrar no prédio em que estão os documentos.
A Fonoteca Municipal do Porto, em Portugal, abriu suas portas no último sábado. Ao todo, são mais de 35 mil discos de vinil que podem ser escutados.
Por falar em Portugal, vem aí o segundo módulo do ciclo de entrevistas Os arquivos em tempos de pandemia e a adaptação à nova normalidade.
Vai até amanhã o prazo para que instituições postulantes às ajudas a projetos arquivísticos através da Iberarquivos inscrevam suas propostas.
Saiu o regulamento do XVIII Congreso Argentino de Archivística. Confira!
O Espacio de Recuperación Patrimonial del Hospital Vilardebó e a Universidad de la República, do Uruguai, promovem nos próximos dias 1 e 15 de outubro as Jornadas Archivos de la Locura.
Para ler com calma
"Da placa de carro ao CPF". Reportagem revela o funcionamento do sistema de vigilância Cortex, utilizado pelo Ministério da Justiça brasileiro (via The Intercept).
"Volkswagen faz acordo com MPF para reparar violações dos direitos humanos durante a ditadura" (via AutoEsporte).
E a fantástica história do verdadeiro James Bond, encontrado nos arquivos da Polônia (em espanhol, via Reuters).
Para ver com calma
As recomendações de segurança sanitária para trabalhadores do Acervo Histórico Diplomático do México (via Acervo Histórico Diplomático).
E a live "Acervos Históricos", com Ivan Vellasco e Marcos Andrade (via História-Campanha).