Ano III ● Edição 114 ● Janeiro de 2021
Governo Federal estima que 1/4 dos arquivistas do Executivo deverão ser reaproveitados em outras funções
O alerta foi dado por Thayron Rangel, professor da UNISUAM e técnico do Arquivo Nacional, no grupo da FEPARQ: os arquivistas estão na mira do mapa da automatização, um estudo conduzido pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
As informações foram veiculadas no Correio Braziliense. De acordo com o jornal, cerca de 51 mil servidores federais do Executivo poderão ter suas atividades automatizadas no futuro próximo e precisarão passar por novos treinamentos – para que possam cumprir outras funções. Do contingente total estimado pela pesquisa Enap/Ipea, constam 225 arquivistas cujos postos ficarão "obsoletos".
De acordo com dados do Portal da Transparência, entre técnicos em arquivo e arquivistas o Governo Federal conta com cerca de 1.080 servidores. Na prática isso significa que a automação pode atingir mais de 25% dos cargos da área, número bem acima da média geral do mapa (de 8,5%).
Ainda de acordo com os estudos preliminares do mapa da automação, no longo prazo a tendência é de que as ocupações remanejadas sejam extintas – em virtude da aposentadoria dos servidores.
O risco iminente de que a profissão de arquivista seja simplesmente considerada como passível de automatização sem maiores debates desperta preocupação, mas ainda não há reação. Fica a pergunta, pois: não seria tempo de centrarmos esforços em mostrar – com números e indicadores reais – o quanto o ofício pode e deve ser imprescindível no mundo contemporâneo e no porvir?
Brasil
Enquanto o Ministério da Economia pensa em automatizar a gestão de documentos no Governo Federal, o Arquivo Nacional lançou três cursos de capacitação para servidores.
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul autorizou a realização de um concurso público com mais de 3,4 mil vagas, 12 delas para arquivistas.
É grave a situação dos arquivos de Colatina, no interior de Minas Gerais. Abandonados em um galpão, documentos do Executivo municipal estão apodrecendo, misturados a outros registros históricos, alguns do início do século passado. O ex-prefeito da cidade alegou que já havia encontrado o arquivo abandonado ao assumir o cargo.
Enquanto isso, também em Minas, o Tribunal de Justiça do Estado chegou à marca de 7 milhões de processos eliminados através da avaliação de documentos. O número abrange os últimos 6 anos.
Uma falha no sítio do sindicato dos Servidores Públicos do Distrito Federal revelou a identidade de 198 servidores ligados à ABIN, o serviço de inteligência (e espionagem) brasileiro.
A Revista do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo está aceitando artigos sobre temas livres e também sobre o tema "Imprensa, intelectuais e circulação de ideias no Espírito Santo". As submissões podem ser feitas até o dia 5 de abril.
Mundo
Um dos maiores arquivos da América Latina, o Archivo Nacional de la República de Cuba está avançando rapidamente sobre a digitalização de documentos históricos. Em 2020, foram mais de 200 mil documentos digitalizados.
A Universidad Nacional de Tres de Febrero (Untref) e o Archivo General de la Nación (AGN) da Argentina firmaram um convênio para organizar um curso virtual de Arquivologia e Gestão Documental. A diplomatura deve ser lançada neste ano.
Vem aí as XXI Jornadas de Archivos Municipales de Madrid. O evento deve ocorrer entre os dias 26 e 28 de maio de 2021, com o tema "Documentos essenciais em tempos de crise".
E o The Guardian revela a preocupação dos historiadores estadunidenses sobre a forma como Trump lidou com documentos públicos produzidos em seu gabinete. Segundo historiadores ouvidos pelo jornal, houve deliberada ação do presidente para destruir e ocultar informações.
Para ler com calma
Quando descobriram um acervo de filmes de diretores afro-americanos em um armazém (via POP Fantasma).
Biografia de Vicenta Cortés Alonso, presidenta de honra de AEFP, recentemente falecida (em espanhol, via AEFP).
Para os apreciadores do gênero: 10 novelas da Globo que nunca mais poderão ser vistas pelo público (via TV História).
Este site é um gigantesco arquivo público de tipografia (via Nexo Jornal).
A retrospectiva de 2020 do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (via APERS).
Para ver com calma
Para ver, ler e ouvir: um portal inteiramente dedicado ao grande Sérgio Ricardo.
O novo logotipo da Associação dos Arquivistas da Bahia.
E a palestra 30 anos da Lei de Arquivos, promovida pela Secretaria da Cultural do Paraná.