Edição 81 ● Maio de 2020
O "novo normal" mudará a Arquivologia?
Aulas através de videoconferência. Decisões importantes tomadas via Whatsapp. Consultas médicas realizadas pelo telefone. A pandemia do novo coronavírus mudou a forma como nos comunicamos e, com ela, as maneiras através das quais aprendemos, ensinamos, trabalhamos e nos tratamos. Ninguém sabe o que será do futuro, mas algo parece patente: vai demorar muito até que voltemos ao normal. Isso se voltarmos.
Por conta deste contexto, analistas têm considerado que o mundo viverá um "novo normal" nos próximos anos. É possível que a próxima década, pelo menos, sofra os efeitos não apenas diretos da pandemia, mas principalmente suas consequências mais cotidianas. Muitas empresas já começam a considerar a implementação massiva do chamado home office e já há indicativos claros de que os meios remotos de produção tendem a se proliferar. Mesmo em realidades periféricas, como a brasileira, empresas e instituições preveem drásticas alterações nas formas e até no conteúdo de seus trabalhos.
Diante de perspectivas ainda imprevisíveis, cabem algumas perguntas: o "novo normal" mudará a Arquivologia? Os arquivistas estão preparados para o mundo pós-pandemia?
Ainda é cedo para responder a tais interrogações, mas já há indicativos de que sim, nada será como antes também no meio arquivístico. Problemas já recorrentes, como dificuldades relativas à preservação digital, parecem estar em exponencial redimensionamento com a precarização dos meios institucionais de comunicação – representada pela proliferação de decisões tomadas através de redes sociais e meios de comunicação instantânea. Por outro lado, com a expansão do home office surgem também novos desafios relativos à gestão, segurança e preservação das informações institucionais em meios nem sempre prontos para isso.
Só o futuro dirá se a Arquivologia terá ou não condições de dar conta dos dilemas do "novo normal". Algo, entretanto, parece fundamental: é hora de que as formações de novos arquivistas atentem, de uma vez por todas, para a acelerada reconfiguração e desmantelamento das instituições produtoras de documentos tais como as conhecemos. O mundo do século XXI, de comunicações cada vez mais velozes e efêmeras, precisará de uma Arquivologia capaz de dar conta destes dilemas, que prometem sobreviver à pandemia.
Brasil
Arquivo Nacional e Fundação Casa de Rui Barbosa começaram a divulgar a programação preliminar da 4ª Semana Nacional de Arquivos, que começa no próximo dia 8 de junho. Confira.
Aliás, as inscrições para a 4ª SNA vão até 27 de maio.
Por falar em Casa de Rui, depois da demissão da secretária especial da Cultura, Regina Duarte, o Ministério do Turismo anunciou uma reestruturação. Órgãos como Iphan, Ibram e a própria Fundação Casa de Rui Barbosa passaram a ser vinculadas ao Ministério, sob supervisão da SECULT.
Três de cada quatro brasileiros tentaram apagar dados pessoais da Internet, segundo o Relatório de Privacidade Global 2020, publicado no último dia 14.
A propósito, a Câmara dos Deputados criou um regime jurídico especial para fazer valer a Lei Geral de Proteção de Dados durante a pandemia. A vigência da LGPD havia sido suspensa pela Presidência da República.
Termina no próximo dia 30 o prazo para submissão de artigos para a próxima edição da revista Acervo. O dossiê do próximo número discorre sobre a história da Arquivologia no Brasil.
O CPDOC da Fundação Getúlio Vargas disponibilizou jogos "quebra-cabeça" a partir de fotografias custodiadas em seu acervo. Para todas as idades.
A Controladoria Geral da União (CGU) está oferecendo um treinamento virtual sobre Aceso à Informação. É gratuito e aberto.
A quarentena segue. As lives também. No próximo dia 9, o professor Daniel Flores promove em sua página a palestra on-line Autorização da Digitalização e Eliminação de Documentos analógicos (Decreto 10.278): Autenticidade, Preservação e Segurança Jurídica.
Já no dia 11, é a vez da live de Ana Maria Camargo, intitulada Arquivo: entre contexto e conteúdo, promovida pelo IFCH e pela Associação de Arquivistas de São Paulo.
Erramos: o Papo de Arquivo, live disponível na seção "Para ver com calma", ocorreu no último sábado, dia 23, e não na quarta, 20, como noticiamos.
Mundo
Para os amantes do automobilismo, a Motorsport Images, uma das principais agências fotográficas dedicadas ao esporte a motor, abriu seu arquivo para uso não comercial.
A Cooperación Española em Montevidéu promove, em novembro, o seminário Archivese IV - El monitor plástico. Quien custodia los archivos? As inscrições para apresentação de trabalhos estão abertas.
O III Encuentro de Archivos Universitários e a III Reunión Anual de la Red de Archivos de Universidades Nacionales de Argentina (AUNAR) está com inscrições abertas. O evento acontece em outubro.
A revista Páginas A&B, de Portugal, publicou seu primeiro número especial em 2020. Confira.
O Archivo Nacional da Costa Rica recebeu nota máxima no índice de gestão institucional do país. O AN costa-riquenho recebeu 100 pontos na escola que mede a eficiência das instituições de governo da nação centro-americana.
O Conselho Internacional de Arquivos divulgou um pacote de recursos gráficos para a divulgação da Semana Internacional dos Arquivos. O mote da campanha é a hashtag #UmArquivoÉ.
Para ler com calma em tempos de quarentena
"O demorado resgate do Arquivo Judicial: três séculos de documentos e 50 anos de abandono" (via El País Uruguai).
O arquivo da dança, adquirido pela New York Public Library (via Smithsonian Magazine).
"Na gestão documental a roda já está inventada: o desafio hoje está na gestão dos dados", uma entrevista com Marcos Mareque (via Archivoz).
"Os arquivos fundamentais estão em algum lado, mas nunca foram encontrados", sobre os documentos da ditadura uruguaia (via La República).
"Heinrich Himmler: como um carimbo falso levou à captura do líder da SS, a polícia nazista" (via UOL).
E a história do carioca que garimpou arquivos e reconstituiu parte da história do Rio (via Veja).
Para ver com calma durante o isolamento
A live Papo de Arquivo, sobre a Arquivologia e o cenário atual. Imperdível!
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