Edição 21 ● Março de 2019
Estudo inédito revela desigualdade de gênero nos arquivos
O Conselho de Cultura da Galícia, na Espanha, publicou um estudo que revela, pela primeira vez, dados sobre a desigualdade de gênero nos arquivos. O Informe sobre os arquivos públicos de Galícia. Unha perspectiva de xénero e feminista foi organizado por Dolores Pereira, Olímpia López e Mariám Mariño, investigadoras que pesquisaram 58 arquivos públicos subordinados à Junta de Galícia. O informe aponta que, de cada dez arquivistas, oito são mulheres (78,6% do total). Apesar disso, as pesquisadoras constataram que a maior parte dos documentos custodiados nos arquivos referem-se a homens.
Dentre os problemas arquivísticos, o Informe revela o emprego constante de linguagem discriminatória nas descrições de fundos documentais e a quase que absoluta falta de uma perspectiva de gênero nas ferramentas de busca e difusão do patrimônio cultural arquivístico. "As mulheres aparecem em função de sua relação com os homens", revela o estudo.
Brasil
O Governo Estadual do Paraná encaminhou à Assembleia Legislativa um projeto de reforma administrativa que extingue o Departamento Estadual de Arquivo Público. De acordo com a proposta, as competências do Arquivo passariam à Secretaria de Administração e Previdência.
Restos de cerâmica, pedaços de grilhões e moedas de diversos períodos históricos foram encontrados durante escavações no pátio do Arquivo Público do Estado da Bahia, em obras desde o início do ano. Em apenas dois dias, foram quase 130 fragmentos, que estão sendo analisados pelo IPHAN.
Um morador de Campinas (SP) filmou e fotografou centenas de documentos descartados irregularmente numa calçada da cidade. Os registros estavam em uma unidade desativada do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (DETRAN/SP). O órgão informou que os documentos seriam eliminados por não possuírem mais validade legal, mas que investigará os motivos do descarte irregular.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) lançou o curso Gestão Documental no Poder Judiciário, disponível gratuitamente. Ao todo, são 5 horas de formação sobre os procedimentos de gestão arquivística no Judiciário.
O Legislativo do Estado do Rio de Janeiro decretou, no último dia 19, o piso salarial para arquivistas, fixado em R$ 3.158,96. O valor é o mesmo estabelecido para profissionais ligados à Administração, Biblioteconomia e Estatística, por exemplo.
Uma reportagem do canal GloboNews exibiu cenas lamentáveis (e comuns) no último domingo: nas sedes estaduais da Agência Nacional de Mineração – uma delas diretamente ligada às tragédias de Mariana e Brumadinho – arquivos abandonados, expostos a todo tipo de intempérie.
A revista O eixo e a roda: revista de Literatura Brasileira, da UFMG, dedicará seu próximo número aos arquivos literários. Interessados podem submeter arquivos até o próximo dia 1º de maio.
O projeto "Legado da Memória Postal", vinculado à Universidade Federal de Pernambuco, está digitalizando documentos da administração pública pernambucana nos períodos da Colônia e do Império. Na equipe multidisciplinar, arquivistas cuidam da descrição dos representantes digitais produzidos.
Mundo
O Poder Judiciário argentino decidiu estabelecer um plano de ação para otimizar o arquivamento de expedientes judiciais. O acúmulo de processos é um dos problemas mais graves do Judiciário no país. O Archivo General del Poder Judicial de la Nación existe desde 1880.
Ainda na Argentina, o presidente Maurício Macri anunciou que uma nova leva de documentos referentes à ditadura no país serão desclassificados pelos Estados Unidos. A documentação será entregue ao Governo argentino.
O Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social (Cidles), de Portugal, deve iniciar, ainda neste ano, a criação de um arquivo especializado em línguas ameaçadas de extinção na Europa. A ideia é reunir o maior número possível de vestígios, uma ação para evitar que esse importante patrimônio imaterial se perca.
Jornais da Espanha denunciam com ênfase o abandono dos arquivos da MSP, maior empresa mineradora do país. Lá, como cá, também se acumulam as perdas arquivísticas.
Para ler com calma
Carlos Alberto Entini, para o Estadão: "Com 20 anos de internet, o Brasil ainda não conta com nenhuma instituição, legislação, diretriz ou esforço que garanta que conteúdos produzidos na web sejam vistos como patrimônio cultural e, assim, coletados, catalogados e armazenados. Símbolo da relevância digital deste começo de século 21, a memória das recentes manifestações de junho, paradoxalmente, só está garantida nos formatos impressos".
Na Archivoz, um curioso Manual para destruir o Arquivo Geral da Nação. Explica-se: "[Apesar do título, trata-se de] um guia muito claro sobre como potencializar positivamente os Arquivos Gerais da Nação e/ou Arquivos Nacionais, com os quais nós, os arquivistas, profissionais da informação e, em geral, qualquer profissional interessado na memória de seu país, poderá adiantar uma série de ações a fim de melhorar a situação dos arquivos".
Para ver com calma
Um grupo de arquivistas espanhóis produziu e acaba de lançar um curso em vídeo intitulado La Archivística más allá del aula: recursos audiovisuales para su enseñanza. Trata-se de um DVD produzido pela Anabad. Os vídeos, na íntegra, podem ser conferidos no link.