Ano V ● Edição 220 ● 21 de março de 2023
Numa cerimônia carregada de simbolismos, a historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto foi empossada diretora-geral do Arquivo Nacional na última sexta, 17.
Realizada no Palácio da Fazenda, no Rio, com transmissão via Internet, a posse reuniu mais de 300 pessoas, incluindo representantes dos ministérios da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, dos Povos Originários e da Igualdade Racial. Também participaram da cerimônia figuras de destaque no ativismo político brasileiro, como a filósofa Sueli Carneiro e a linguista Conceição Evaristo.
Por vídeo, a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, assumiu o compromisso de implementar a política nacional de arquivos e garantir a preservação do patrimônio arquivístico e arquitetônico do Arquivo Nacional. O AN, até então abrigado no Ministério da Justiça e Segurança Pública, tornou-se uma secretaria do MGI.
Empossada oficialmente no cargo, Ana Flávia Magalhães Pinto contou como aconteceu o convite e o processo que a levou à direção do AN. A diretora também agradeceu pelo apoio recebido e ressaltou, em várias passagens, o compromisso de pluralizar e preservar a memória do povo brasileiro.
No discurso, Ana Flávia anunciou uma nova reestruturação administrativa para o Arquivo Nacional e os primeiros integrantes de sua equipe. Além do gabinete da direção, o AN passará a contar com três diretorias: Gestão Interna; Processamento Técnico, Preservação e Acesso ao Acervo; e Gestão de Documentos e Arquivos. A Superintendência no Distrito Federal foi mantida.
Na nominata de diretores indicados pela nova diretora, constam profissionais de diversas formações (Administração, Psicologia e, especialmente, História). Nenhum é arquivista de formação e, a julgar por seus currículos, ninguém trabalhou em instituições arquivísticas até hoje. Ao menos por enquanto, a Arquivologia estará ausente no topo da hierarquia do Arquivo Nacional.
Mas outras ausências também chamaram atenção. Temas caros e que afligem a comunidade arquivística – como a gestão de documentos e as mudanças na legislação arquivística – não foram mencionados pela diretora na posse. O Conselho Nacional de Arquivos (que agora será presidido por Ana Flávia) também não foi citado, apesar da presença de pelo menos três conselheiros.
No dia da posse, a Agência Brasil publicou uma longa entrevista com a nova diretora (leia na íntegra). Na matéria, Ana Flávia afirmou que a razão do convite para dirigir o AN se deve ao lugar estratégico da instituição “para a promoção de uma série de ações de reparação histórica que são fundamentais”.
Quando Ricardo Borda D’Água assumiu a direção do Arquivo Nacional, o Giro da Arquivo tentou entrevistá-lo. Somos um veículo voltado para a comunidade arquivística – que, via de regra, deseja saber o que pensa quem dirige a maior e principal instituição arquivística do país. Entrevistar o diretor do Arquivo Nacional era algo óbvio para nós.
Nunca obtivemos retorno nas três tentativas feitas. Todos os pedidos receberam a mesma resposta: averiguaremos a solicitação e retornaremos, aguarde.
Quando a professora Ana Flávia Magalhães Pinto foi anunciada como a nova diretora do AN, recomeçamos o périplo. A diretora aceitou de pronto a entrevista, desde que por e-mail. As perguntas foram enviadas no dia 24 de janeiro.
Desde então, aguardamos resposta. Gostaríamos de ter publicado o conteúdo da entrevista neste número, para que o leitor e a leitora pudessem conhecer mais e melhor quem é a nova diretora do AN e o que ela pensa sobre os problemas arquivísticos do país. Infelizmente, até o fechamento desta edição, não recebemos suas respostas.
Seguimos como antes, aguardando.
Brasil
Uma proposta de reforma administrativa do governo de Minas Gerais pode rebaixar o Arquivo Público Mineiro, hoje uma diretoria da Cultura, para órgão de assessoria. A proposta será debatida hoje, às 10h, na Assembleia do Estado.
Ainda em Minas, um projeto do APM quer aprimorar a gestão de documentos das Superintendências Regionais de Ensino (SREs).
O Arquivo Público do Distrito Federal deu início a um projeto para desenvolver um repositório digital de fotografias. A ideia é digitalizar 1,4 milhões de fotos e vídeos.
A Agência Brasileira de Inteligência usou um programa para monitorar milhares de pessoas durante o governo de Jair Bolsonaro. A espionagem era feita através de telefones celulares e até mesmo dos dados mantidos pela Receita Federal.
Oportunidades: a PGR e a prefeitura de Osório (RS) estão recrutando estagiários.
Agenda: amanhã, às 10h, na UFPR, a professora Ana Maria de Almeida Camargo (USP) ministra a conferência “A natureza do documento de arquivo”.
Mundo
O Archivo General de la Nación, da Argentina, vai participar do III Foro Mundial de Derechos Humanos. O evento ocorre durante esta semana, em Buenos Aires, sob a chancela da UNESCO.
2023 será um ano emblemático para o Chile. Em setembro, completam-se 50 anos do golpe militar que instaurou uma das ditaduras mais sangrentas do continente. Neste mês, o Archivo Nacional de lá apresenta uma exposição sobre o papel político das mulheres na ditadura.
Os entusiastas dos arquivos de TV estão festa no País de Gales. No final do mês, meio milhão de trechos da história do rádio e da TV no país serão disponibilizados ao público pela National Library of Wales.
Para ler com calma
Museu da Justiça revela curiosidades sobre inventário e documentos de Rui Barbosa (via O Globo).
Aspectos Gerais da Reforma Administrativa de 2023 (via MAPA - Memória da Administração Pública Brasileira).
ChatGPT popularizou a inteligência artificial. Google acaba de demonstrar que mudará tudo em nosso dia a dia em Gmail ou Docs (via Genbeta).
Para ver com calma