Edição 35 ● Julho de 2019
Dados vazados, dados ocultados, menos papel e o papel dos arquivos
Cerca de 30 mil dependentes químicos internados em comunidades terapêuticas, entre 2013 e 2016, dentre os quais 1,3 mil crianças e adolescentes, tiveram seus dados pessoais expostos indevidamente pelo Governo Federal. Informações como nome completo, CPF, data de nascimento e o tipo de droga usada pelos pacientes foram disponibilizadas pelo Portal de Dados Abertos do Governo. Os dados deveriam ser sigilosos, já que atingem o direito à privacidade dos pacientes, mas um descuido nas plataformas de acesso do Governo deixou o conjunto de informações absolutamente acessíveis. A descoberta foi publicada pela BBC Brasil, em matéria que apresenta também os efeitos nocivos deste tipo de erro.
Enquanto isso, o Correio Braziliense desta semana informa que 80% dos serviços do Ministério da Economia passarão a ser digitais.
Mas, ao mesmo tempo, há quatro meses o Governo não atualiza os dados do Portal da Transparência, que inclui os repasses do Bolsa Família e os salários pagos aos militares.
Diante do noticiário, cabe a dúvida: estaria o Brasil preparado técnica e politicamente para a inserção massiva do Big Data? Qual o papel dos arquivistas neste cenário?
Brasil
O Fórum Nacional das Associações de Arquivologia do Brasil divulgou o Relatório de Atividades 2018. A FNARQ congrega doze associações e tem sido responsável por parte importante da política classista no campo da Arquivologia brasileira.
A revista Acesso Livre, vinculada à Associação dos Servidores do Arquivo Nacional (ASSAN) acaba de divulgar seu mais novo número (11). Nesta edição, o dossiê especial apresenta temas relacionados à Arte e Instituições de Memória.
Quem também está de número novo é a Ágora – Arquivologia em Debate, publicada em Santa Catarina. O número 59 conta com editoria de Ursula Blattmann, Eliana Maria dos Santos Bahia e Juliana Fachin.
A revista Acervo, por sua vez, torna pública a chamada para o dossiê "Usos e usuários de arquivo", que tem como editoras convidadas Ivana Parrela e Eliane Rocha, ambas vinculadas ao curso de Arquivologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As submissões serão aceitas até 31 de dezembro de 2019.
O prazo para submissão de trabalhos à Reparq foi estendido mais uma vez. Interessados podem enviar trabalhos ao evento até o dia 05 de julho.
A propósito: estão abertas também as inscrições para ouvintes da Reparq.
O CPDOC da Fundação Getúlio Vargas recebeu na semana passada o acervo pessoal de Teotônio Vilela, senador alagoano que foi um dos expoentes da luta parlamentar pela redemocratização brasileira. Quem informa o recolhimento é Ancelmo Gois, n'O Globo.
O Governo do Estado de São Paulo decidiu extinguir a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), com mais de 45 anos de atuação. No entanto, o destino do arquivo da Emplasa, composto por mais de 180 mil documentos, acessados por mais de 12 mil pessoas, é incerto. A Associação dos servidores da empresa, que tenta reverter a extinção, está questionando judicialmente o Estado sobre o paradeiro dos documentos.
Aliás, em 2017, o Estado doRio Grande do Sul extinguiu uma série de fundações de pesquisa, comunicação e planejamento. Até hoje, entretanto, não se sabe o paradeiro dos arquivos dos órgãos liquidados.
Todas as 1.072 edições do Pasquim, maior símbolo do jornalismo alternativo brasileiro, foram digitalizadas e disponibilizadas pela Biblioteca Nacional. São mais de 35 mil páginas que podem ser acessadas livremente, via Internet.
Mundo
O Congresso de Arquivologia do Mercosul, que acontecerá em outubro, em Montevidéu, divulgou a primeira prévia de sua programação. Serão cinco dias de atividades no maior evento de Arquivologia da América Latina.
O Instituto de Informação, vinculado à Facultad de Información y Comunicación da Universidad de la República, do Uruguai, acaba de lançar o mais novo número da revista Informatio. Confira!
Intelectuais do Equador pedem que o Arquivo Nacional seja transferido para instalações com melhores condições de preservação. O prédio da atual sede, em Quito, apresenta problemas estruturais que colocam em risco o acervo custodiado pela instituição.
A propósito, a sempre muito criticada direção do Archivo General de la Nación, da Argentina, apresentou nesta semana um vídeo que mostra o estágio avançado das obras de construção de sua nova sede, que deverá ser uma das mais modernas do continente. Ainda não há data de inauguração.
O Ministério da Cultura e Esportes da Guatemala assumiu o controle do Archivo Histórico de la Policia Nacional. A promessa é manter a integridade e segurança dos documentos.
Historiadores mexicanos estão acusando o presidente do país, López Obrador, de falta de vontade para cumprir a promessa de fazer públicos os arquivos dos extintos organismos de espionagem e repressão policial no país. De acordo com os críticos, apesar do discurso diferente, Obrador estaria seguindo a mesma linha de seu antecessor, Peña Nieto.
Para ler com calma
O preocupante e melancólico fim dos primeiros CDs, que começam a se decompor nos arquivos, gerando inquietação aos profissionais da área.
E a luta por acesso aos arquivos do franquismo, na Espanha.