Edição 50 ● Outubro de 2019
A edição que chega ao seu e-mail é a de número #50 do Giro. E é também diferente. Estamos em Montevidéu para acompanhar o XIII Congresso de Arquivologia do Mercosul e, por isso, resolvemos dedicar quase toda esta edição ao evento. As seções fixas de sempre (Brasil, Mundo e Para ler com calma) saem em versão reduzida nesta semana. Nossa publicação, que sempre ocorre às terças, acontece excepcionalmente na segunda, horas antes do início do CAM. Porque sabemos da importância do evento e temos convicção de que nosso público merece a melhor informação.
Vai começar o maior evento de Arquivologia da América Latina
Começa hoje, em Montevidéu, Uruguai, o XIII Congresso de Arquivologia do Mercosul (CAM), maior evento da área na América Latina. Criado por um grupo de profissionais e professores, em meados dos anos 1990, o CAM teve início em 1996, com a primeira edição, em Santa Fé, Argentina. Desde então, outros seis países já receberam o evento, que costuma congregar um vasto número de trabalhos, entre conferências, comunicações, pôsteres e reuniões de trabalho.
A edição deste ano tem como ponto central o tema "Paradigmas dos arquivos no contexto das políticas públicas". Ao todo, serão cinco dias de programação. Os números, aliás, impressionam: de acordo com o programa oficial do evento, serão 14 conferências, cinco mesas de comunicação, 10 reuniões ou encontros especiais, 22 pôsteres e 101 trabalhos, provenientes de 13 países diferentes – incluindo Alemanha, Espanha e Portugal. O Brasil, como é de costume, domina numericamente o evento: 65 das 111 comunicações são de autores brasileiros, número quatro vezes maior que o da segunda nação com mais apresentações, o próprio país sede, Uruguai. Dentre os vizinhos do Mercosul, as grandes ausências ficam por conta do Paraguai e da Venezuela, ambos sem trabalhos inscritos.
Neste XIII CAM, quatro grandes temáticas parecem dominar o evento: a relação dos arquivos com as tecnologias da informação e digitais; as investigações sobre o ensino e a pesquisa a respeito da própria Arquivologia; o desenvolvimento técnico da área, sobretudo a partir de experiências de gestão de documentos e; a história dos arquivos e da Arquivologia, tema que vem se destacando no último biênio. Estes quatro temas aparecem, com mais ou menos regularidade, nos seis eixos temáticos do CAM: Teoria e prática arquivística; Archivos, cultura e gênero; O papel dos arquivos nas políticas públicas; Interdisciplina nos arquivos e; Tecnologias da Informação aplicadas à gestão documental.
Dentre os nomes de destaque, atenção especial para as homenagens a Alicia Casas de Barrán e para a brasileira Heloísa Liberalli Bellotto, uma das principais entusiastas do CAM, que nesta edição volta a participar do evento com trabalhos e conferências de sua autoria. Nas conferências magistrais, Daniel Flores (do Brasil) e Ramón Alberch i Fugueras (da Espanha), abrem e fecham o evento, respectivamente.
Além da programação regular, o CAM traz ainda novas e tradicionais reuniões de trabalho. O evento sediará a IX Reunião da Rede Iberoamericana de Ensino Arquivístico Universitário, a X Jornada de Arquivos Municipais, a IX Reunião de Arquivos Universitários, o XVIII Encontro de Estudantes de Arquivologia, o IX Encontro de Associações Profissionais de Arquivistas e o IV Encontro de Arquivos Fotográficos do Mercosul. Dentre os novos eventos, estão a I Jornada dos Arquivos como Garantia na Construção da Democracia, Cidadania e Direitos Humanos, o I Encontro de Arquivos Sindicais e a I Reunião sobre a História Arquivística na América Latina.
O Programa de Aperfeiçoamento, Pesquisa e Estudos em Arquivos (PAPEARQ) estará presente no evento com quatro trabalhos: "OARS e a construção de uma metodologia para monitoramento da implementação das Políticas Públicas no RS" (de Valéria Bertotti, Angela Hendler Mota e Celso Fernando Fernandes); "Mapeamento de instituições arquivísticas e ou custodiadoras de arquivo: uma etapa do projeto Observatório dos Arquivos do Rio Grande do Sul" (de Anderson Fiori, Francisco Weliton e Márcia de Sena); "A situação da empregabilidade formal de arquivistas no Brasil: resultados preliminares da Pesquisa Nacional sobre a Ocupação em Arquivologia (PNOA)" (de Helvio Spode e Francisco Cougo) e; "Estratégias metodológicas e contratempos na pesquisa por dados socioeconômicos sobre arquivistas no Poder Judiciário" (de Glenio Varaschini).
O Giro da Arquivo estará em Montevidéu acompanhando todos os detalhes desta edição do CAM. Por isso, nesta semana e na próxima, dedicaremos a maior parte de nosso espaço ao evento. Não perca!
XIII CAM: o que você precisa saber
O XIII Congresso de Arquivologia do Mercosul acontece na região central de Montevidéu, na sede da Intendência Municipal da cidade. Mais informações, aqui.
Nas redes, o principal canal para ficar ligado no que acontece no CAM é o Facebook do evento. Mas há informações disponíveis, também, no Twitter da Asociación Uruguaya de Archivólogos (AUA).
A programação completa do CAM: conferências e comunicações e os pôsteres (com um mapa da sede).
Até o fechamento desta edição, ainda não havia informações sobre possíveis transmissões do evento via web. Fique ligado nas redes do CAM, pois caso haja transmissão, ela ocorrerá provavelmente por lá.
Brasil
O Arquivo Nacional criou na semana passada um grupo de trabalho (GT) para analisar e estudar as possíveis implicações da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais nos arquivos brasileiros. O trabalho do grupo terá como base estudos recentes, desenvolvidos na Europa.
O Arquivo Público do Estado do Espírito Santo promove, a partir do dia 30, o evento "Memórias fotográficas: Tratamento e digitalização do acervo fotográfico do ex-governador Max Mauro". Além do lançamento de um catálogo fotográfico, o evento marcará o início de uma exposição.
Em Santa Catarina, a Associação dos Municípios da Região de Foz do Rio Itajaí promove a oficina "Criação e desenvolvimento de Arquivos Público Municipais". O evento ocorre no próximo dia 24, a partir das 13h30, no auditório da AMRFI, em Itajaí.
E no dia 30, a partir das 8h30, ocorre em Santo André (SP) o "Ciclo Regional de Gestão de Arquivos do Grande ABC", com uma programação bastante diversificada.
Os mineiros seguem dando um baile quando o assunto é tradução de bons livros na área. Nesta semana, a Editora da UFMG anunciou o lançamento do livro Sem consentimento: a ética na divulgação de informações pessoais em arquivos públicos, de Heather MacNeil. A obra, traduzida sob a revisão técnica de Georgete Medleg Rodrigues, foi publicada originalmente nos Estados Unidos, em 1992, e tende a suprir a indesejável lacuna de textos de fôlego sobre a ética da profissão. O livro é o quarto lançado pela Coleção Arquivo que existe desde 2016 e é dirigida por Renato Pinto Venâncio.
Em PDF, as primeiras 16 páginas da obra.
Por falar em lançamentos, no próximo dia 22 ocorre o XX Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, em Florianópolis, Santa Catarina. Dentre as atrações do evento, destaque especial para o lançamento das imprescindíveis obras O protagonismo da mulher na Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e Ciência da Informação e Do invisível ao visível: saberes e fazeres nas questões LGBTIQIA+ na Ciência da Informação, ambos publicados pelo Selo Nyota. O lançamento ocorrerá no dia 22.
Mundo
A revista australiana Archives & Manuscripts, uma das mais importantes do mundo arquivístico, liberou o acesso aberto a todos os volumes publicados entre 1955 e 2011. Um verdadeiro tesouro para os aficionados na área.
Estão abertas as inscrições de propostas para o Congresso Internacional de Arquivos de 2020, que acontecerá em Abu Dhabi. O evento terá como tema "Empoderar sociedade do conhecimento". Mais informações, no sítio do Conselho Internacional de Arquivos.
Para ler com calma
Uma reflexão de Jaime González Colville, da Academia Chilena de la História, sobre o "fim do papel", cada vez mais alardeado por governos mundo afora.