Ano IV ● Edição 173 ● Abril de 2022
Um foco de incêndio na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, foi debelado no último sábado, 2 de abril. De acordo com o AN, "o incidente limitou-se a parte da recepção do térreo do bloco F, no complexo de prédios da sede da instituição".
Ninguém se feriu e não houve danos – nem ao prédio, nem ao acervo. Mas o susto foi grande. O fogo começou por um curto-circuito nos no-breaks da sala que hoje abriga o sistema VoIP da instituição. Na única imagem divulgada sobre o sinistro, é possível ver que as chamas foram suficientemente fortes – tanto que esfumaçaram as paredes do local.
De acordo com o jornal Brasil de Fato, que ouviu testemunhas que preferiram não se identificar, o Bloco F, atingido pelo fogo, abriga parte do acervo do AN. O periódico afirma que funcionários já haviam alertado a direção do órgão sobre os riscos, já que as obras do sistema de prevenção contra incêndios estão atrasadas.
Em 2018, depois da comoção gerada pelo incêndio que destruiu o Museu Nacional, o Governo Federal garantiu que o prédio "não corria risco algum de incêndio". Mesmo assim, em janeiro de 2021, o Ministério da Justiça anunciou o inicio de obras para modernizar o sistema anti-incêndio do órgão. Na época, o governo ressaltou que o investimento seria de 7,5 milhões de reais e que as obras seriam concluídas até o final do ano.
Como noticiamos no Giro, o orçamento do AN em 2022 é um dos maiores dos últimos anos, mas, apesar disso, é proporcionalmente pequeno se comparado a outros órgãos – e seu crescimento é ínfimo se calculada a inflação do período. O incidente do último sábado serve, portanto, de alerta a respeito da necessidade de que se invista mais – e sistematicamente – em melhorias nos sistemas de proteção do acervo da maior instituição arquivística brasileira.
Brasil
Por falar em Arquivo Nacional, pelo terceiro ano consecutivo, a instituição – que custodia o maior acervo sobre a ditadura civil-militar brasileira – preferiu o silêncio no aniversário do Golpe de 1964.
Das coisas estranhas que acontecem nos arquivos brasileiros: a Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional do Rio Grande do Sul (Metroplan), extinta em 2017, vai ter seu acervo doado para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado. Pela lei, o acervo deveria ser recolhido ao Arquivo Público. Vai entender...
O Arquivo Público do Estado de São Paulo está promovendo a exposição virtual "Diários Associados", formada por imagens digitalizadas pelo projeto "Imagens do jornalismo brasileiro: preservação e difusão do Acervo Diários Associados".
A Associação dos Arquivistas do Rio Grande do Sul (AARS) lançou o livro Arquivistas na Pandemia, que reúne depoimentos de profissionais da área sobre seu trabalho no contexto da Covid-19.
Por falar em livro, a Editora Dialética lançou Gestão de documentos arquivísticos digitais para a Rede Federal de Educação, Profissional, Científica e Tecnológica, de Eduardo Rafael M. Feitoza.
Mundo
O Archivo General de la Nación do Peru tem novo diretor. Ricardo Moreau foi designado como novo chefe da instituição no último dia 31.
Impulsionada pelo aniversário do golpe militar no país e pelos 40 anos da Guerra das Malvinas, a Associación Archivistas en la Función Pública, da Argentina, lançou no último dia 24 a campanha "Abran los archivos".
Na Bolívia, Irenia Chura Coyo acaba de lançar a obra Archivología: fundamentos teóricos y praxis en los archivos de Bolívia. Por enquanto, à venda só por lá.
E o Programa Iberarquivos lançou o projeto "Na pele dos nossos antepassados", que oferece recursos didáticos para o conhecimento da luta contra as pandemias históricas por meio de arquivos e lições para crianças.
Para ler com calma
Por que a Amazon comprou a MGM e não leva "acervo de ouro" do estúdio? (via Na Telinha).
Novela censurada por Collor ressurge na internet e levanta série de dúvidas (via Folha de S. Paulo).
Após 43 anos, processo do assassinato que motivou a criação do MNU vem a público (via Alma Preta).
Para ver com calma
Mais precisamente para ouvir: o Museu da Comunicação do Rio Grande do Sul disponibilizou as gravações da Casa A Eléctrica, gravadora que existiu em Porto Alegre, entre as décadas de 1910 e 1920. Imperdível!
Dr. Welder Antonio da Silva fala sobre a Base de Dados Pesquisas Arquivísticas Brasileiras (via Pesquisas Arquivísticas Brasileiras).
Arquivologia: teorias e práticas (via Divulgação PPGCI).