Ano III ● Edição 121 ● Março de 2021
Foi no inesquecível 11 de março de 2020, há um ano, que a Organização Mundial da Saúde vaticinou: a epidemia provocada por um novo e muito letal coronavírus havia adquiro caráter pandêmico e se alastrava com velocidade mundo afora. Desde então, mais de 123 milhões de casos da doença já foram registrados em todo o planeta. Os mortos já passam de 2,7 milhões.
No Brasil, desde o início, a pandemia agiu descontrolada e avidamente. Os números recentes mostram que o país já registrou mais de 11 milhões de casos de contaminação e que quase 300 mil brasileiros tornaram-se vítimas fatais da doença. Trata-se da pior tragédia sanitária em mais de 100 anos, catástrofe impulsionada pelo avanço da derrocada econômica e pela acelerada deterioração da vida democrática nacional.
Com a enxurrada de perdas – nos mais diversos sentidos, mas especialmente de vidas – por vezes fica até difícil falar arquivos, arquivistas e Arquivologia. Mais ainda quando percebemos que a área, como tantas, parece estar paralisada diante dos fatos. Ao longo deste último ano, arquivistas, professores e estudantes buscaram enfrentar o medo e se adaptar ao "novo normal". Eventos foram feitos, aulas foram e continuam sendo adaptadas e até velhas propostas tornaram-se realidade – as reuniões remotas do CONARQ, por exemplo. A comunidade arquivística, diversa e distinta em suas ambições e objetivos, adequou-se dentro do possível.
Mas há também silêncio. Um incômodo e triste silêncio. Diferentemente de outras corporações, a nossa não organizou ações coletivas – nem isoladas, nem integradas – para contribuir efetivamente com a melhora do contexto. Nossas associações e grupos minimamente organizados ainda não se manifestaram sobre a crise sanitária e os recorrentes atentados à combalida democracia no país. Amedrontados, tristemente adaptados ou apenas enlutados, seguimos em silêncio.
No momento em que as mais distintas corporações unem forças e reforçam suas reivindicações para que o país tome medidas efetivas para acelerar o ritmo de vacinações, reduzir a curva de contágio, investir em ações que repercutam sobre os altos índices de pobreza registrados e respeitem a democracia, não seria hora de nos posicionarmos também a respeito? Como nós, os arquivistas, passaremos à história diante de tamanha hecatombe?
Brasil
Em decisão inédita, o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o Google Brasil por "censura prévia". A gigante das redes retirou vídeos do coletivo Intervozes do YouTube sem autorização da organização.
O Comitê Executivo do SEI Bahia publicou um balanço sobre o avanço da tramitação eletrônica de documentos no Estado. De acordo com o relatório, o volume de processos tramitados pelo sistema duplicou em 2020.
O CONARQ lançou uma cartilha voltada à instrução de instituições arquivísticas que queiram buscar recursos financeiros através das chamadas emendas parlamentares. O material foi elaborado com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Por falar em CONARQ, o Conselho passará a integrar a rede de acervos do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB).
Em homenagem ao aniversário da capital gaúcha, o Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho promove na próxima sexta, 26, a live "Projeto Interinstitucional – Preservação e acesso aos documentos das Câmaras de Rio Grande de São Pedro e Porto Alegre – 1764 a 1889".
E na quinta, 25, a Escola de Arquivologia da UNIRIO apresenta sua aula inaugural com o tema "Arquivistas, arquivos, coletividades e patrimônios", com a participação dos professores André Malverdes e Marcelo Nogueira de Siqueira. O evento ocorre às 19h, no canal do YouTube da Escola.
Mundo
O Conselho Internacional de Arquivos lança na quarta, 31, o programa da Semana Internacional de Arquivos 2021. O tema deste ano será Empoderar os arquivos.
O governo da província de Buenos Aires, na Argentina, entregou ao Ministério da Saúde documentos de crianças que foram alojadas no hospital provincial Elina de la Serna de Montes de Oca durante a última ditadura vivida no país. A ideia é que os documentos ajudem a localizar o paradeiro de crianças separadas de seus país durante o período em que o terrorismo de Estado assolou os argentinos.
Aliás, nesta semana a Facultad de Humanidades y Artes da Universidade de Rosário, também na Argentina, fará um ato em reverência à restituição de arquivos de estudantes e professores desaparecidos na ditadura.
Na quinta, 25, Lluís-Esteve Casellas i Serra, apresenta a live "Analisis funcional, clasificación archivística... Y más allá!".
Para ler com calma
Arquivos e mitologia moderna: o uso de documentos de arquivo em histórias em quadrinhos (em inglês, via PAMA).
Por que São Bento de Núrsia é o padroeiro de arquivistas, bibliotecários e arqueólogos? (em espanhol, via Julián Marquina).
Neste memorial, os antigos sites mantém-se vivos (via Público.pt).
Project Deluge: uma web onde é possível baixar mais de 700 protótipos de jogos de PS2 graças a um projeto de preservação (em espanhol, via Genbeta).
Para ver com calma
Os vídeos do ciclo de lives organizado pelo Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul em homenagem aos 115 anos da instituição.
A quinta sessão do Seminário de História da Arquivística Latino-Americana, com convidados do Peru e da Nicarágua.
E os vídeos do projeto "Conversas Virtuais com o Arquivo Histórico de Joinville", série de lives em comemoração aos 49 anos da instituição.