Edição 42 ● Agosto de 2019
Sarney e militares agiram para abafar crimes da ditadura
No último domingo, 25, o portal UOL publicou uma reportagem investigativa sobre a ação coordenada de militares e do então presidente José Sarney para abafar crimes cometidos pelas Forças Armadas durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1984). A reportagem se baseou em documentos do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), hoje custodiados pelo Arquivo Nacional. De acordo com os registros, governo e militares se moveram para evitar que uma carta-denúncia da atriz Bete Mendes ganhasse repercussão. No documento, Mendes denunciou o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra e pediu que Sarney tomasse providências no sentido de que o militar fosse punido pelos crimes cometidos.
Os documentos consultados por UOL mostram a preocupação dos militares, que consideravam haver uma onda de revanchismo no Brasil. Os mesmos registros apontam uma ação coordenada no sentido de que a movimentação de busca por justiça aos crimes cometidos durante a ditadura fosse obstruída. Em 2007, Sarney admitiu ter agido para evitar "revanchismos" durante seu governo.
O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido como um dos mais sádicos agentes da repressão brasileira, morreu em 2015. Foi o primeiro militar brasileiro a ser condenado por tortura e sequestro, mas não chegou a ser preso pelos crimes. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro chamou Ustra de "herói nacional".
Brasil
A Associação dos Servidores do Arquivo Nacional (ASSAN) publicou uma dura nota contra o Governo Federal. A instituição considera que o Governo Bolsonaro é uma "grande ameaça ao Arquivo Nacional" e que a instituição vive um quadro crítico. De acordo com o manifesto, 40% dos servidores do AN estão em condições de aposentadoria e não há perspectivas de que suas vagas sejam preenchidas. A instituição, que completou 180 anos em 2018, também não conta com Plano de Carreiras.
O projeto "Arquivo Itinerante", promovido pelo Arquivo Público de Campos dos Goyatacazes (Rio de Janeiro), levará dez ações diferentes aos idosos do Asilo Monsenhor Severiano. A ideia é aproximar o Arquivo de seus usuários, através da difusão do acervo.
O Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS) começa hoje, 27, uma série de ações em alusão aos 40 anos da Lei da Anistia no Brasil. Além de uma exposição, um seminário marca a programação promovida pela instituição.
Na última sexta, 23, o Arquivo Público de Alagoas (APA) lançou o projeto "Alagoanidade, seu lugar, sua história". Trata-se de uma série de ações que ocorrerão trimestralmente e que tem o intuito de "despertar o sentimento de amor (pertencimento) dos alagoanos por suas tradições, história e cultura".
A editora Nyota anunciou para outubro de 2019 o lançamento do livro O protagonismo da mulher na Arquivologia, Biblioteconomia, Museologia e Ciência da Informação. A edição será disponibilizada em e-book.
Estão abertas as inscrições para a IV Jornada Científica do CDOC-ARREMOS, que ocorrerá no Rio, de 03 a 04 de setembro. Confira a programação completa do evento no link.
O tradicional Encontro Catarinense de Arquivos, agora em sua XIV edição, está recebendo propostas de trabalho até o dia 20 de setembro. O tema do evento é "Os desafios da Arquivologia no mundo digital".
Partidos da oposição ao Governo Bolsonaro estão mobilizados para derrubar o veto às mudanças feitas pelo presidente na Lei de Acesso à Informação. Em julho, Bolsonaro sancionou a lei da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, mas vetou o artigo que garantia o anonimato àqueles que solicitassem acesso à informação.
Acontece na próxima quarta, 28, no Arquivo Nacional (Rio), a palestra "Arquivo em prosa: gerenciamento de riscos", de Tiago César da Silva, autor do Manual Gerenciamento de riscos: do planejamento à execução – que também será lançado neste dia.
A Associação dos Arquivistas de São Paulo promove, no próximo dia 3 de setembro, a Jornada de Atualização Profissional "Estratégias de difusão em Arquivos", ministrada por Marcelo Chaves.
Acontece no Museu de Arte do Rio, entre os dias 25 e 26 de setembro, o evento Preserva.Me, Encontro Internacional de Preservação e Memória. Em sua 5ª edição, o encontro reunirá, sob o tema "Preservação de Acervos na Era Digital", especialistas nacionais e internacionais. A programação completa já está disponível.
No próximo dia 30, às 15 horas, ocorre o lançamento da segunda edição (revista e ampliada) do livro A arquivologia brasileira: busca por autonomia científica no campo da informação e interlocuções internacionais. A obra é desdobramento da premiadíssima tese de doutorado de Angélica Alves da Cunha Marques.
Mundo
Oito livros manuscritos e um diário de debates do congresso peruano, datados dos anos 1860, foram devolvidos aos arquivos do país por um senhora, cujo pai protegeu e escondeu os documentos durante a invasão chilena, em 1881.
O Archivo Historico Provincial de Alicante está preparando uma exposição fotográfica sobre a imagem da mulher nos arquivos. A iniciativa se coaduna com uma inédita pesquisa sobre o mesmo tema, publicada meses atrás.
A Associación de Archiveros de Castilla y León submeteu à consulta de seus associados um interessante manifesto pelo valor social que possuem os arquivos. Vale acompanhar o debate.
A Associación Uruguaya de Archivólogos está divulgando, aos poucos, a programação completa do XIII Congresso de Arquivologia do Mercosul. Entre as novidades desta edição está a I Reunião sobre a História da Arquivística na América Latina.
Para ler com calma
Fruto do trabalho de conclusão de curso de Mariana de Almeida Peixoto e Silva (UFES), está no ar o conjunto de revistas Arqvibes, trabalho voltado à difusão da cultura e educação arquivísticas.
Direto do blog da ACAL, as chaves para organizar e conservar as fotografias de família.
Depurar e guardar: a história do resgate do arquivo de Oaxaca, no México.
Arquivos na era digital: tem futuro o passado? A pergunta vem da Argentina.
A teoria conspiratória que guia o Governo Bolsonaro em relação à Amazônia, por Rubens Valente.
E, de José Maria Jardim, via Facebook, uma importante pensata sobre o destino dos arquivos no anunciado processo de privatizações que vem por aí.
Para ver com calma
A TV Cultura de São Paulo criou um canal no YouTube para exibir antigos programas. Nostalgia pura.