Ano V ● Edição 208 ● Dezembro de 2022
O Grupo Temático Justiça e Segurança Pública – Arquivo Nacional, liderado pelo ex-procurador-geral de São Paulo, Márcio Elias Rosa, se reuniu com diferentes entidades da comunidade arquivística brasileira, na semana passada.
As reuniões começaram na terça, 6, com a Associação dos Servidores do Arquivo Nacional (ASSAN). De acordo com a associação, “na conversa foram destacados todos os problemas que o Arquivo Nacional vem enfrentando nos últimos anos”. A ASSAN aproveitou a oportunidade e pleiteou a efetivação do plano de carreira para os servidores do AN, uma rediscussão sobre a reestruturação do órgão, a necessidade de implementar um processo democrático de escolha da direção-geral e a expectativa em torno da realização de uma segunda edição da Conferência Nacional de Arquivos.
No dia 7, quarta, o Gabinete de Transição se reuniu com o Fórum Nacional de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (Feparq), com o Fórum Nacional das Associações de Arquivologia do Brasil (FNArq) e com a Rede Nacional de Arquivistas das IFES (Arquifes). Os grupos defenderam a necessidade de se planeje e implemente uma política nacional de arquivos.
Durante a reunião, o FNArq entregou ao Gabinete de Transição uma carta aberta através da qual submeteu “o nome do Prof. Paulo Roberto Elian dos Santos para ocupar o cargo de Diretor-Geral do Arquivo Nacional”. De acordo com o Fórum, “Paulo Elian reúne os elementos considerados imprescindíveis para a superação dos obstáculos e pleno desenvolvimento da política, conferindo destaque na atuação do AN e do CONARQ”.
Ainda de acordo com o FNArq, a decisão de indicar uma sugestão de nome para a direção do Arquivo Nacional partiu dos representantes das associações que integram o Fórum. Entretanto, no domingo, 11, a Associação dos Arquivistas do Estado do Rio de Janeiro (AAERJ) publicou uma nota na qual, ao mesmo tempo em que afirma respeitar a decisão da maioria do fórum, manifesta discordância com a indicação do nome sugerido pelo FNArq.
Faltando menos de 20 dias para a posse presidencial – e mesmo com a definição a respeito de quem será o novo ministro da Justiça –, o debate a respeito de quem ocupará a cadeira de diretor-geral do Arquivo Nacional e presidente do Conselho Nacional de Arquivos segue em aberto – e em disputa. Os próximos dias devem definir o cenário.
Brasil
Entre tentativas de consenso, discordâncias públicas e disputas, três silenciamentos marcam o debate entre a comunidade arquivística e a equipe de transição: a necessidade de rever o posicionamento hierárquico do Arquivo Nacional; a total ausência de critérios claros a respeito de qual deve ser o perfil do diretor do órgão e; nenhuma palavra sobre os arquivos estaduais (que também vão mudar de direção) e municipais.
Por falar em Arquivo Nacional, a instituição recebeu o selo de modernização por ações de desburocratização dos serviços, oferecido pela Secretaria Especial de Modernização do Estado, vinculada à Presidência da República.
O Governo do Estado do Mato Grosso do Sul prometeu investir R$ 2,5 milhões em uma nova sede para seu Arquivo Público – que, aliás, fica vinculado a uma Fundação ligada ao setor cultural, o que não é uma realidade das mais adequadas.
Foi lançada, ontem, mais uma edição da revista Acervo. Neste novo número, um dossiê especial sobre os 200 anos da Independência do Brasil.
Oportunidades: a Prefeitura de Dourados (MS) está recrutando estagiários de Arquivologia; também há seleção aberta em Porto Alegre (RS); e tem também concursos para arquivista em Brasília e no Espírito Santo.
Mundo
Saiu a data do Congresso Internacional de Arquivos, promovido pelo ICA. O evento vai acontecer em Abu Dhabi, entre os dias 9 e 13 de outubro de 2023.
O Archivo Nacional de la Corporación Minera de Bolívia (Comibol) vai criar um laboratório de conservação. Atualmente, o arquivo da Comibol reúne mais de 40 quilômetros de documentação.
Documentos que registram o ingresso de estrangeiros na Argentina, entre os anos de 1882 e 1937, hoje custodiados pelo Archivo General de la Nación do país, receberam a chancela Memória do Mundo, da UNESCO.
Semanas atrás publicamos que o Canadá inaugurou mais um suntuos edifício de sua Biblioteca e Arquivo. O que não havíamos dito é que o novo empreendimento é agora o maior centro de arquivamento automatizado do planeta (veja fotos).
E, na Polônia, um caso grave: documentos do serviço secreto do país indicam que o Papa João Paulo II teria negligenciado vários casos de abusos contra crianças por padres católicos.
Para ler com calma
Trump expõe os EUA a ‘danos graves’ se ainda estiver com arquivos confidenciais, diz especialista (em inglês, via Newsweek).
Um estudo sobre o patrimônio florestal no estado: possibilidade de pesquisa em processos administrativos (via Arquivo Público do Rio Grande do Sul).
Uma reparação para os desaparecidos da Faculdad de Medicina de La Plata (em espanhol, via Página12).
Para ver com calma