Edição 36 ● Julho de 2019
InterPARES completa 20 anos de contribuições à Arquivologia
Em 1999, a ítalo-canadense Luciana Duranti acabara de coordenar, com êxito, o projeto The preservation of integrity of eletronic records, mais conhecido como "Projeto UBC" (sigla de University of British Columbia, a instituição onde fora desenvolvido). Naquele ano, apesar da acelerada popularização dos microcomputadores, ainda eram poucos os projetos sistemáticos de investigação sobre os efeitos da informática nos arquivos e na Arquivologia. O mundo já sabia que os documentos seriam produzidos eletronicamente, cada vez mais. Preservá-los para a posteridade, dotados de autenticidade e de características arquivísticas básicas era, então, o maior desafio.
Para responder às agruras da Arquivologia no alvorecer do século XXI, Duranti propôs um novo projeto, desta vez de caráter colaborativo e internacional. Foi então que, em meados de 1999, o mundo conheceu o InterPARES Project (International Research on Permanent Authentic Records on Eletronic Systems), originalmente integrado por pesquisadores de oito países e de distintas áreas (Direito, Ciência da Informação, História, Computação, Engenharia e, claro, Arquivologia). O objetivo original do InterPARES era definir requisitos básicos para a preservação da autenticidade de documentos arquivísticos eletrônicos, expectativa que serviu de combustível para a primeira fase do projeto, entre 1999 e 2001. Mais tarde, vieram outras duas fases, até a atual, intitulada InterPARES Trust, dedicada a uma série de questões que congregam da terminologia ao arquivamento em nuvem.
O InterPARES é o mais longevo e, possivelmente, o mais exitoso projeto de pesquisa em Arquivologia no mundo. Suas duas décadas de existência estão sendo comemoradas não apenas no Canadá, mas em eventos mundo afora. Na última sexta, Luciana Duranti esteve na Itália, onde começou sua carreira, para apresentar um balanço do projeto. Também por esses dias começaram as vendas de Trusting records in the cloud, a mais nova publicação do InterPARES.
Infelizmente, ainda hoje não há traduções densas sobre os trabalhos do InterPARES no Brasil (que é participante do projeto). Para saber mais sobre o que pensa Duranti e sua equipe, recomendamos duas entrevistas com a autora, uma de 2009 (revista Ponto de Acesso) e outra de 2015 (revista Acervo).
Para conhecer mais sobre o InterPARES, vale uma visita ao sítio do projeto (em inglês).
Brasil
Saiu mais um número da revista Informação em Pauta, vinculada ao Departamento de Ciências da Informação da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Está no ar o sítio do II Seminário Nacional de Paleografia, que acontece em novembro, na Bahia.
Vem aí o 2º Congresso Online de Gestão de Documentos e Informações. O evento ocorrerá em novembro, com vasta programação. O primeiro lote de inscrições, já disponíveis, sai por apenas R$ 34,90.
O Arquivo Público de Rio Claro (SP) está trocando as caixas de acondicionamento de documentos. As embalagens de papelão, inadequadas por sua excessiva acidez, serão trocadas por novas, de polipropileno. Ao todo, serão 1,4 mil novas caixas.
É preocupante a situação do Arquivo Público e Histórico de Tubarão (SC). Caixas no chão, lonas sobre estantes, goteiras por toda a parte... Um jornal local já se pergunta se os documentos resistem à próxima chuva.
Mundo
Antonio González Quitana, Sergio Gálvez Biesca e Luis Castro Berrojo são os organizadores do livro El acceso a los archivos en España, que acaba de ser lançado. Mais de 300 páginas sobre um tema sempre atual entre os arquivistas.
A Fundación Felipe González está abrindo seus arquivos à consulta pública. Cartas enviadas ao ex-presidente de Governo da Espanha estão entre os primeiros itens difundidos.
Três livros cujas páginas foram envenenadas com arsênico foram encontrados numa biblioteca de Esbjerg, na Dinamarca e o jornal Clarín, da Argentina, não perdeu a oportunidade de relembrar o clássico O nome da Rosa.
Com a iminente inauguração da nova sede do Archivo General de la Nación, da Argentina, especialistas daquele país veem que estão dadas as condições para que se abra uma nova era nos arquivos de lá.
Para ler com calma
"Uma máquina do tempo no centro", matéria sobre os "lugares" da história no Rio de Janeiro, incluindo o Arquivo Nacional (O Globo).
Uma pensata mais do que pertinente de José Maria Jardim, sobre a inconsistência dos bancos de dados públicos brasileiros (via Facebook).
Para estudar com atenção
O Grupo de Trabalho Internacional do Conselho Internacional de Arquivos, em parceria com organizações como a Cruz Vermelha e a UNESCO, lançou na semana passada o texto-base dos "Princípios Guia para Refúgios Seguros de Arquivos em Risco". Um documento para ser estudado, debatido e apropriado por arquivistas do mundo todo.