Edição 90 ● Julho de 2020
Associação que representa empresas de externalização de arquivos intervém na formulação de normas arquivísticas
Na semana passada, a Associação Brasileira de Empresas e Profissionais de Informação (ABEINFO) divulgou que seus diretores se reuniram com representantes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para "definir estratégias de divulgação das normas ABNT e ISO aplicáveis à gestão de documentos e informações".
De acordo com matéria publicada no sítio da própria ABEINFO, na reunião as entidades trataram da normatização do Decreto nº 10.278/2020, que muda a legislação sobre digitalização de documentos. A notícia informou, também que "ABEINFO e ABNT definirão um plano em conjunto para sugerir que a normatização do Decreto 10.278, no que se refere aos requisitos técnicos, contemple todos os aspectos de segurança, interoperabilidade, preservação digital, auditoria, qualidade da imagem, entre outros requisitos técnicos ".
A ABEINFO é a principal lobista das empresas que atuam no campo da gestão e custódia externa de arquivos no Brasil. Seus associados – 33 empresas, no total – integram o rol das principais companhias no ramo, muitas delas mantenedoras de contratos milionários junto aos governos federal, estaduais e municipais (e seus respectivos poderes).
É natural, portanto, que a associação mantida por tais empresas esteja interessada em intervir ou colaborar com a ABNT no que se refere às normas arquivísticas. O que não é natural, entretanto, é a pouca ou nenhuma participação da comunidade arquivística neste diálogo. O mais interessante é que a comunidade estivesse representada, para evitar que interesses privados prevaleçam sobre as demandas dos cidadãos.
A ABNT mantém há alguns anos a Comissão de Estudo de Gestão de Documentos Arquivísticos, que é responsável pela elaboração e revisão de normas para o setor. A participação nos estudos da Comissão é voluntária e aberta aos interessados.
Brasil
A Fundação Roquette Pinto desistiu de conversar com o Governo Federal sobre a gestão da Cinemateca Brasileira. A instituição decidiu processar a União.
Aliás, a Justiça proibiu o Governo de levar a Cinemateca para Brasília, como estava nos planos do secretário da Cultura, Mário Frias.
O CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas melhorou a interface de suas ferramentas de busca. Agora é possível buscar documentos diretamente nos arquivos pessoais digitalizados pela instituição.
A Fundação Casa de Rui Barbosa anunciou uma parceria com a Secretaria Especial de Cultura para digitalizar a biblioteca de Rui Barbosa e todo o acervo do Arquivo-Museu da Literatura Brasileira. O valor do projeto é de R$ 350 mil.
A Fundação Oswaldo Cruz está selecionando um técnico em Arquivologia. A vaga prevê um contrato de 12 meses, com remuneração de R$ 900.
A revista Sillogés, vinculada ao GT Acervos da Anpuh-RS lançou seu mais novo número. A edição traz um dossiê temático intitulado "Ditaduras de segurança nacional: arquivos, fontes e lugares de memória".
E a agenda da programação de lives arquivísticas segue cheia. No dia 1º de agosto, a ENEA promove mais um debate, desta vez com a temática "Movimento e representatividade arquivística no ambiente digital". Já a partir de amanhã, 29, o Arquivo Nacional dá início ao "Encontro com o Acervo", ciclo de quatro apresentações sobre arquivos especiais. E no próximo dia 4/8 tem início a Série Oficinas, promovida pela Associação dos Arquivistas do Estado do Rio Grande do Sul (AARS).
Seguem abertas as inscrições para dois dos grandes eventos que ocorrerão no segundo semestre, o V Medinfor e o II Seminário Nacional de Governança Arquivística.
Mundo
Autoridades da Universidad de El Salvador querem que o presidente Nayib Bukele ordene às Forças Armadas a entrega dos arquivos militares da guerra civil que assolou o país entre 1980 e 1992.
O Conselho Internacional de Arquivos anunciou que sua 9ª Conferência acontecerá em Roma, em 2022.
Arquivistas ingleses lançaram um documento em que se comprometem a atuar no combate ao racismo nos arquivos. Mais de 1700 profissionais já assinaram o manifesto.
A Associação Latino-Americana de Arquivos (ALA) está divulgando o curso Introducción al Derecho de Autor en la Profesión Archivística, que será ministrado pelo mexicano Ricardo Villegas. O curso acontece no dia 12 de agosto, com custo de 20 dólares para quem não é sócio da ALA.
O Governo do México está divulgando o portal Memórica, que reúne temas e ferramentas de acesso direto ao acervo de instituições de memória do país. Vale a pena conferir.
E as lives arquivísticas também são destaque América Latina afora. Hoje, às 18h, a Biblioteca Nacional de Chile promove o encontro Sin etiquetas: experiencias y desafíos de la catalogación de materiales fotográficos. Também hoje, às 18h, tem a apresentação do Archivo Historico del Cooperativismo Argentino. No próximo dia 5, é a vez dos colegas da Costa Rica, que debatem os novos desafios dos profissionais da arquivística. E, no dia 14, Archiveros sin Fronteras Chile promovem o curso Herramientas para el desarollo de los Archivos en Chile: introducción a software libres.
Para ler com calma
As 12 normas fundamentais que devem ser seguidas nos arquivos (em espanhol, via Comunidad Baratz).
A vida nas cidades em vídeos caseiros de décadas atrás (via Nexo Jornal).
Recomendações para a proteção da saúde dos profissionais que atuam em arquivos, bibliotecas, museus e centros de documentação, e a preservação dos documentos em suporte papel em tempos de COVID-19 (por Thayane VIcente Vam de Berg, via Arquivo Central da UNIRIO).
Para ver com calma
A live de Ivana Parrella no ciclo "Arquivologia em múltiplas perspectivas" (via Curso de Arquivologia – FURG).
E uma "cápsula" arquivística com a sempre importante Antonia Heredia Herrera (em espanhol, via RENAIES).