Ano III ● Edição 115 ● Janeiro de 2021 

Portal de tecnologia revela o maior vazamento de dados da história do Brasil

Quem assina o Giro sabe que os vazamentos de dados pessoais ou sigilosos são frequentes no Brasil. Publicamos notícias sobre estes casos – com mais frequência do que gostaríamos – porque sabemos que dados são, hoje, parte importante do universo arquivístico.

Nenhum vazamento noticiado até hoje, contudo, se compara ao que foi revelado pelo portal Tecnoblog, na semana passada. Segundo reportagem de Felipe Ventura, quase 40 tipos diferentes de dados de mais de 223,74 milhões de brasileiros (vivos e mortos) apareceram à venda na Internet, possivelmente roubados da Serasa Experian.

O conjunto inclui desde dados básicos (nome, CPF e RG) até scores de crédito que servem para definir o risco envolvido em operações financeiras protagonizadas pelas pessoas expostas. Nunca um vazamento brasileiro foi tão completo.

Para piorar, apesar da vigência da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, que está valendo desde setembro do ano passado, a autoridade responsável por aplicar punições em casos como o reportado ainda não está em plena atividade.

De acordo com o Tecnoblog, os dados ainda estão sendo vendidos a preços que variam de 0,075 a 1 dólar por CPF. Tudo pago em bitcoin. Coisa de gente grande, portanto. 

Como ainda não há encaminhamentos precisos sobre quem roubou os dados e o que irá acontecer no caso, especialistas recomendam apenas que todos redobrem os cuidados e o monitoramento com o que circula pela rede.

Brasil

Por falar em dados, no último dia 18, o Governo Federal realizou a primeira reunião oficial para tratar da venda da Serpro e da Dataprev. A ideia de privatizar as companhias segue na agenda.

Dois importantes arquivos brasileiros estão sob nova direção. O Arquivo Público do Estado de São Paulo será dirigido pelo historiador Thiago Nicodemo. Já o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro passa a ser capitaneado pela historiadora Rosa Maria Araújo.

Aliás, Araújo prometeu que o AGCRJ ofertará um mestrado em História do Rio de Janeiro (!). A proposta contradiz as urgências da instituição e foi rechaçada em comentários de José Maria Jardim e Ismênia Martins.

Uma parceria entre Google e Folha de S. Paulo indexou 2,5 milhões de fotografias do acervo do jornal. As imagens não estão disponíveis para livre consulta, mas o novo sistema de busca facilitará a vida de quem produz o jornal.

O sistema anti-incêndio do Arquivo Nacional no Rio de Janeiro está sendo reformado. Quase 8 milhões de reais foram destinados ao projeto.

Está aberto o prazo para submissão de artigos à revista Acervo. O dossiê "Perspectivas em humanidades digitais" receberá trabalhos originais até o dia 31 de julho.

O Senac liberou o acesso gratuito ao curso de Restauro e Conservação de Acervo Bibliográfico. Aproveite!

E hoje, às 15h, tem live do CONARQ, sobre a consulta pública do e-ARQ Brasil.

Mundo

Lá como cá... A sede do National Archives and Records Administration em Seattle, noroeste dos Estados Unidos, está á venda. Entidades ligadas aos povos originários da região denunciam que o plano do governo é enviar os documentos para longe, dificultando o acesso aos pesquisadores da região.

A Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) continua promovendo o ciclo Los laberintos del patrimonio histórico. Nesta quinta, a conferência fica por conta de Patrick Johansson Keraudren.

A ONU lançou um documento importante e fundamental na atual conjuntura. Trata-se do Acordo Regional sobre o Acesso à Informação, a Participação Pública e o Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e Caribe.

E a ALA apresentou esta semana seu primeiro curso em 2021. Acontece em fevereiro, será ofertado por Emma de Ramón e se intitula Archivos, DDHH y Diversidad Sexual y de Género.

Para ler com calma

A arquivista e a ativista: por trás de um novo livro sobre Angela Davis (em inglês, via KQED).

Em todos os processos de gestão documental deve-se considerar as necessidades de auditorias. Uma entrevista com Lizabeth Abasolo Mora (em espanhol, via Archivoz).

Nos bastidores da ciência. Com status de documento, cadernos registram os primeiros esboços de uma pesquisa e podem servir de fonte para outros estudos (via Pesquisa Fapesp).

O Nunca Mais: arquivar como resistência (em galego, via Praza).

Para ver com calma

A reunião aberta que apresentou a minuta da política arquivística da UNIFAL-MG (via Comitê Gestor de Segurança da Informação do Acervo Acadêmico).

O ontem e o hoje da fotografia: dimensões documental, arquivística e social de um (não) artefato (via Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia).

E o painel Arquivos de Família e Arquivística, que compôs parte do colóquio O feminino nos arquivos (via Biblioteca Pública Arquivo Regional Ponta Delgada).