Ano II ● Edição 101 ● Outubro de 2020
Criada em 2004 e efetivada só a partir de 2007, a versão brasileira do Programa Memória do Mundo, da UNESCO, reconheceu a importância de 101 acervos documentais brasileiros até 2018. Idealizado como um registro sobre a relevância de documentos arquivísticos e bibliográficos para a cultura e a memória, o MoW Brasil foi um interessante mecanismo de legitimação sobre o papel dos acervos para a vida brasileira.
Desde seu começo, entretanto, a iniciativa enfrentou os entraves do dia a dia brasileiro. Primeiro, por ser prerrogativa do Ministério da Cultura, mas depender do Arquivo Nacional. Depois, por que a própria pasta que abrigava a iniciativa foi extinta. Desde 2019, o Memória do Mundo Brasil não abre novos editais para analisar e reconhecer a relevância de acervos. Também não há notícias de que os comitês responsáveis pelo programa tenham sido renovados.
O sítio eletrônico do MoW Brasil não é atualizado desde abril de 2018. E, ao que parece, não há quem se importe muito com a questão. Ao redor do mundo, o programa Memória do Mundo tem enfrentado dificuldades, principalmente depois que países como Japão, Estados Unidos e Israel ameaçaram interromper o custeio da iniciativa por conta de registros que desagradaram os governos destas nações.
No Brasil, ao que parece, o MoW foi simplesmente abandonado, mesmo. Sem um ministério responsável por suas atribuições e praticamente sem manifestações a respeito de sua importância, é de se imaginar que a iniciativa – que chegou a durar mais de uma década – vire letra morta da lei. Um episódio lamentável para um país que já dispõe de meios tão limitados para reconhecer a importância de seus acervos.
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Brasil
O Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul reabriu suas portas na última terça. O atendimento, que havia sido interrompido por conta da pandemia de COVID-19, deve ser agendado por e-mail.
A Coordenação das Associações de Arquivos Audiovisuais (CCAAA) publicou um novo documento em que expressa sua preocupação com os rumos da Cinemateca Brasileira, retomada pelo Governo Federal (e logo fechada), semanas atrás.
Uma notícia e tanto: a tese "As Comissões da Verdade no Brasil: contexto histórico-legal e reconstrução das estratégias e ações para o acesso aos arquivos", de Mônica Tenaglia, da UnB, venceu o Prêmio CAPES 2020 na área de Comunicação e Informação.
O Fórum das Associações de Arquivologia do Brasil (FNArq) conseguiu corrigir mais um edital irregular de concurso para arquivista, desta vez das Prefeituras Municipais do Agreste do Rio Grande do Norte.
Por falar no FNArq, vem aí a programação da Semana Nacional do Arquivista, que deve ser divulgada até sexta.
Hora da agenda arquivística: a Associação dos Pós-Graduandos em História da UPF promove nos, dias 10 e 11 de novembro, o I Encontro Discente de Pós-Graduação que contará com o Simpósio Temático História, Acervos e Instituições de Memória. Já o curso de Arquivologia da FURG realiza, amanhã, mais um encontro da série Diálogos, desta vez com Anna Carla Almeida Mariz, falando sobre "Fotografias em arquivos pessoais: a importância do contexto de produção". E estão abertas as inscrições para o curso Gestão de Documentos Arquivísticos Digitais, promovido pela Associação dos Arquivistas de Santa Catarina.
E uma última, imperdível: hoje, às 14, o Arquivo da Câmara dos Deputados convoca arquivistas de todo o Brasil para uma live no Zoom. O motivo? Tirar uma foto com o maior número possível de profissionais, em alusão ao Dia do Arquivista.
Mundo
Vai até amanhã a programação do mês dos arquivos na Colômbia. Confira!
Está no ar a exposição virtual "Defender los derechos humanos a través de la cooperación", promovida pelo Iberarquivos, em alusão ao Dia Internacional do Acesso Universal à Informação.
Um pergaminho escrito por Mao Tsé-Tung e avaliado em 300 milhões de dólares foi roubado e cortado ao meio. O documento foi encontrado em Hong Kong.
As Abuelas de la Plaza de Mayo, da Argentina, firmaram um acordo com o Archivo General de la Nación para digitalizar e disponibilizar seu acervo. A organização é uma das principais entidades de defesas dos direitos humanos no país.
A inesgotável Antonia Heredia Herrera ministrará uma aula especial intitulada La terminología archivística: conceptos y uso. A aula ocorrerá on-line, no dia 26 de novembro, às 16h (horário da Espanha). As inscrições podem ser feitas no portal da ALA.
Para ler com calma
Nossa razão de ser não é a história, mas sim o acesso à informação. Uma entrevista com Francesc Giménez, diretor do Arquivo Municipal de Saint Cugat (em catalão, via Nació).
"Estamos usando Zoom, Google Classroom, Microsoft Teams de uma forma completamente irresponsável", diz Professor Marcos Dantas da UFRJ (via Tribuna Universitária).
"Acho que a arquivística e os arquivistas estiveram à altura dos desafios que se colocaram à Ciência em geral neste século XXI": entrevista com Maria do Rosário da Costa Barros (via Archivoz).
Para ver com calma
Um vídeo simpático sobre princípio de procedência e ordem original (via Sistema de Archivos y Bibiliotecas).
A campanha Querido Diário, que quer criar um meio de reunir tudo o que sai nos diários oficiais de todo o país.
E para OUVIR com muita calma e tranquilidade: a primeira edição do primeiro podcast de Arquivologia do Brasil, o ECCOA: arquivologia fora da caixa, criado por professores e discentes da UFRGS.