Edição 56 ● Dezembro de 2019
Gigante norte-americana especializada em guarda de documentos é condenada por incêndio em São Paulo
A Iron Mountain, gigante estadunidense na área de guarda de documentos, foi condenada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a indenizar empresas lesadas pelo incêndio em um de seus galpões, em 2011. A sinistro ocorreu em Jandira, São Paulo, e destruiu parte dos arquivos de diversas empresas, que contratavam os serviços da Interfile, companhia que foi adquirida pela Iron Mountain.
Uma das empresas cujos arquivos estavam armazenados no galpão da Iron Mountain, a Construcap, afirma ter perdido 75% de seu acervo no incêndio. As condenações contra a IM podem chegar a 10 milhões de reais.
Em 2014, um galpão da mesma empresa, situado no bairro de Barracas, em Buenos Aires, Argentina, ardeu em chamas, matando 10 pessoas e ocasionando a destruição de milhões de documentos de arquivo. Anos depois, as investigações apuraram que o incêndio foi criminoso e que teria ocorrido, provavelmente, para ocultar uma série de fraudes no sistema bancário argentino.
As empresas de gestão e guarda de documentos movimentam milhões de reais por ano. Em geral, as companhias (cada vez mais dominadas por multinacionais estrangeiras) atuam em um modelo de negócios que dispensa os serviços e as técnicas arquivísticas. Algumas empresas prestam serviços apenas no âmbito privado, mas algumas gigantes do setor oferecem soluções também a órgãos públicos.
A condenação da Iron Mountain abre um precedente importante sobre a partilha das responsabilidades entre quem produz e quem guarda documentos arquivísticos. O caso, no entanto, deve ser analisado com mais critério, principalmente em relação à terceirização dos serviços arquivísticos por empresas e instituições públicas, cada vez mais frequente no Brasil. A título de exemplo (e de ironia), o mesmo Tribunal de Justiça de São Paulo, que condenou a Iron Mountain pelo incêndio em Jandira, anunciou neste mês o fim da "Operação Jundiaí". Na operação, cerca de 84 milhões de processos findos foram transferidos do arquivo central da Justiça para o galpão de uma empresa de guarda de documentos.
Detalhe: a empresa contratada foi a própria Iron Mountain.
Brasil
Pelo Brasil, arquivistas seguem na luta contra a Medida Provisória que retira a exigência de registro profissional para a atuação na área. No próximo dia 04, a Associação dos Arquivistas do Rio Grande do Sul organiza uma manifestação em Porto Alegre, contra a MP. O ato faz parte do cronograma de atividades da Frente em Defesa do Registro Profissional, composta por diversas entidades de classe.
A propósito: o pleito para eleger a nova direção da AARS já tem data. Vai acontecer no dia 19 de dezembro, on-line e com chapa única, a Arquiv+Ação.
Os trabalhadores do Arquivo Público do Rio Grande do Sul uniram-se à greve geral do funcionalismo público do Estado. Há mais de 40 meses os salários dos servidores estaduais são parcelados.
A Biblioteca Nacional tem novo presidente. Rafael Alves da Silva, que assina Rafael Nogueira, é, conforme o jornal O Globo, professor de filosofia, história, teoria política e literatura, além de "aspirante a filósofo e a polímata". É também seguidor do guru Olavo de Carvalho. O Iphan também deve ter uma nova direção anunciada nos próximos dias.
Falando nisso... O ex-diretor do Arquivo Nacional, José Ricardo Marques, acusado de improbidade administrativa por promover cultos evangélicos na sede da instituição, foi absolvido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Marques havia sido condenado em primeira instância.
Na quarta, 4, o Programa de Pós-graduação em Biblioteconomia da UNIRIO promove a mesa "Patrimônio Bibliográfico e Documental: perspectivas e reflexões". Começa às 18h, na Sala Multimídia, da Biblioteca Central da UNIRIO, com entrada franca.
Um grupo de trabalho vinculado ao Arquivo Público do Espírito Santo está promovendo a consulta pública à nova versão da Tabela de Temporalidade de Documentos das Atividades-Meio (TTD-Meio) da administração pública estadual. A consulta vai até 05 de dezembro.
O Centro Sérgio Buarque de Holanda tornou disponível, em versão digital, todo o acervo do jornal Em Tempo, publicado de 1977 a 2004.
A revista Informação & Informação lançou seu mais novo número. A edição traz artigos da área de Arquivologia.
Mundo
Trabalhadores do Arquivo Municipal de Lisboa reivindicaram melhores condições de trabalho, na semana passada. O estado dos edifícios em que a instituição está instalada, segundo os funcionários, é precário.
Enquanto isso, no México, o Archivo General de Oaxaca ganhou o Prêmio Arquitetura Espanhola de 2019.
Mas... No mesmo México, de acordo com diretor do Archivo General de la Nación (AGN), há 11 meses no cargo, 60% do acervo da instituição não está descrito em nenhum nível e, portanto, não é conhecido.
Bibliotecários e arquivistas portugueses estão pressionando os políticos do país para que o setor seja melhor regulado no país. Faltam verbas, recursos humanos, estatísticas e sistemas integrados capazes de modernizar bibliotecas e arquivos em Portugal.
Está no ar mais uma edição de Alerta Archivística, boletim mensal de arquivística da PUC do Peru. No mais novo número, o tema de capa trata dos arquivos em defesa da mulher.
Para ler com calma
No diário argentino Clarín, os documentos inéditos do Arquivo da Chancelaria, que contam a história dos argentinos perseguidos pelo nazismo.
Na Folha de São Paulo, a carta do capitão de um navio russo, encontrada quase 30 anos depois, no Sul do Brasil. Foi restaurada e traduzida pela Universidade Federal de Pelotas.
Para ver com calma
A íntegra do I Seminário de Fotografia de Arquivo, promovido pelo Arquivo Nacional, na semana passada. O evento comemorou os 180 anos da apresentação pública do daguerreótipo.