Ano III ● Edição 124 ● Abril de 2021
Empoderar. Empoderamento. A palavra inventada pelo psicólogo norte-americano Julian Rappaport, ressignificada pelo educador brasileiro Paulo Freire e popularizada pelo ex-presidente Barack Obama é o mote escolhido pelo Conselho Internacional de Arquivos (ICA) para dar sentido à Semana Internacional de Arquivos, que ocorrerá entre 7 e 11 de junho.
Definido pelo dicionário Michaelis como "ação coletiva desenvolvida por parte de indivíduos que participam de grupos privilegiados de decisões", o conceito de empoderamento coloca no centro do debate a viabilidade de que grupos organizados (conselhos, associações, sindicatos, partidos etc.) se unam em torno das mudanças e reflexões que eles mesmos consideram pertinentes para o momento.
No sentido atribuído pelo ICA, trata-se de discutir "como os arquivos empoderam a prestação de contas e a transparência através do acesso à informação", ou ainda "como o trabalho em rede e a colaboração nos permitem empoderar os arquivos e a profissão para ajudar-nos a alcançar nossas metas e objetivos". E mais: "gostaríamos de discutir como desafiar a teoria e prática arquivística atual para fazê-la mais diversa e inclusiva de diferentes vozes junto com diferentes histórias".
A proposta – baseada nos conceitos de inclusão, colaboração e transparência, palavras da moda – é, sem dúvidas, interessante. Mas, como toda ideia globalizante, o mote deverá ser apropriado de distintas formas de acordo com as múltiplas realidades enfrentadas pelos arquivos mundo afora. Um desafio e tanto para uma área cujo tecnicismo e as demandas do dia a dia parecem interditar debates mais profundos (e políticos!) sobre o papel dos arquivos, dos arquivistas e da própria relação entre ambos.
A versão brasileira da Semana Internacional de Arquivos vem se consolidando nos últimos anos, mas ainda não parece haver uma relação clara entre as propostas que chegam do exterior e o que se faz por aqui. Discutir a viabilidade de empoderar os arquivos no Brasil é uma necessidade, ainda mais quando conquistas jovens – como o acesso à informação – parecem estar sob real ameaça. Que os arquivistas brasileiros possam adequar o desafio do empoderamento à realidade nacional.
O criador do 'arquivista.blog.br', Gustavo Adolfo Lopes é o entrevista da edição 17 do ECCOA – Arquivologia Fora da Caixa, que traz também a já tradicional versão do Giro em áudio.
Brasil
De acordo com levantamento da revista Crusoé, o Palácio do Planalto triplicou o número de negativas de acesso à informação desde 2019.
Quase 15 milhões de documentos eletrônicos já tramitaram pelo Prodesp, programa do Governo do Estado de São Paulo mais conhecido como "SP Sem Papel".
Aliás, o Ministério da Educação criou um grupo de trabalho para acompanhar a implementação do diploma digital nas universidades.
O Arquivo Público do Distrito Federal, prestes a completar 36 anos, promete chegar à data com 100% de seu acervo digitalizado. De acordo com o diretor da instituição, 66% da digitalização já foi concluída.
O Grupo Bandeirantes está digitalizando parte de seu acervo para homenagear a atriz Cacilda Becker, que completaria 100 anos em 2021.
O Arquivo Nacional lançou o portal do Centro de Referência de Acervos Presidenciais. O sítio reúne informações sobre os presidentes da República (a partir de Tancredo Neves) e as entidades custodiadoras de seus acervos.
Hora da agenda: no próximo dia 29, APESP lança o mais novo número da Revista do Arquivo; já ao longo do mês, a Associação dos Arquivistas da Paraíba promove o programa Arquivo ao Vivo, com diversos convidados; até amanhã segue a programação do V Seminário Internacional de Preservação Digital; e, na quinta, a Associação dos Arquivistas do Rio Grande do Sul recebe Jaime Antunes para um debate sobre os 30 anos da Lei de Arquivos.
Mundo
A organização Archiveros sin Fronteras do Equador publicou um manifesto pedindo informações sobre o futuro dos arquivos aos candidatos que disputaram o segundo turno das eleições presidenciais no país, no último domingo.
A Red de Archivos Diplomaticos Iberoamericanos (RADI) promove o fórum La memoria en el presente de Iberoamerica. O evento ocorre entre os dias 21, 22 e 23 de abril.
Estão abertas as inscrições para a diplomatura em Archivística y Gestión Documental, promovida pelo Archivo General de la Nación, da Argentina.
E uma nota triste: inundações provocaram perdas no Arquivo Nacional de Timor Leste.
Acontece amanhã, às 19h, a 6ª sessão do Seminário de História de la Archivística Latinoamericana, desta vez com convidados da República Dominicana e da Venezuela.
Para ler com calma
O Guía de Aplicación de la Ley Modelo Interamericana sobre Gestión Documental (via OEA).
O livro Percursos de um Arq-Vivo, de Dóis Bittencourt Almeida (via Editora Letra 1).
Yahoo Respostas será apagado da Internet em maio de 2021 (via Tecnoblog).
Parceria da Globo com o Google põe o grupo brasileiro nas mãos da gigante mundial? (via Telepadi).
Para ver com calma
A entrega de documentos de arquivo da última ditadura argentina aos ex-presos e presas políticas de Santa Fé, no interior do país (via Gobierno de Santa Fé).
E o webinar Lixo eletrônico: preservação e segurança de dados digitais (via Rede Cariniana).