Ano III ● Edição 149 ● Outubro de 2021
Na semana passada, três pesquisadores – Lucas Pedretti, Marco Pestana e Pedro Teixeirense – procuraram o jornalista Matheus Leitão para uma grave denúncia: de acordo com eles, o Arquivo Nacional deixou de publicar as monografias agraciadas com o prêmio Memórias Revelada, em 2017. O edital do certame previa que os premiados tivessem seus trabalhos publicados, a exemplo do que ocorreu nas primeiras três edições do concurso. Os pesquisadores venceram o prêmio, mas ainda hoje esperam pela publicação. Eles denunciam que a não publicação das obras é parte do "contexto de franco enfraquecimento e desmonte" do Memórias Reveladas.
De acordo com o Arquivo Nacional, o motivo da demora nas publicações se deve à necessidade de licitação pública para contratação de empresa responsável pela impressão dos livros. De fato, não são apenas as monografias do Memórias Reveladas que estão atraso – vencedores de outros prêmios de pesquisa do AN também aguardam a edição de suas obras. A denúncia de Pedretti, Pestana e Teixeirense, no entanto, é mais grave, pois remonta à própria postura da atual gestão federal em relação à ditadura civil-militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985.
Em resposta à revista Veja, o Arquivo Nacional alegou que "há uma licitação em andamento para contratação de empresa especializada em impressão gráfica", mas não deu prazos para a conclusão dos trabalhos. O AN também afirmou que a base de dados do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil está acessível ao público, mas não comentou sobre a indisponibilidade das obras premiadas no prêmio Memórias Reveladas e nem sobre o fato de novas edições do concurso não terem sido realizadas.
Na semana passada o ECCOA – Arquivologia fora da caixa completou um ano. Para comemorar o primeiro aniversário do projeto, a equipe que faz o principal podcast de Arquivologia do Brasil se reuniu para um delicioso bate-papo. Cá do Giro enviamos nossos mais sinceros parabéns e recomendamos à qualificada audiência e ouçam nosso parceiro!
Brasil
Tem livro novo na praça: a professora Angélica Alves da Cunha Marques está lançando Contribuições francesas para a institucionalização da Arquivologia brasileira. A obra é fruto do trabalho de pós-doutorado de Marques e será lançada no ENANCIB 2021.
A propósito, o ENANCIB – que começa no final do mês – terá fartas sessões de lançamentos de livros. Imperdível!
A família de Carlos Heitor Cony vai doar o acervo do escritor para a Academia Brasileira de Letras. A doação atende a um desejo do próprio Cony, que morreu em 2018.
A Câmara Municipal de Belém (PA) vai realizar uma sessão especial em homenagem ao Dia do Arquivista. A sessão contará com debate sobre a inserção profissional de arquivistas e técnicos no município.
Aliás, por falar em Dia do Arquivista, a Associação dos Arquivistas do Estado do Espírito Santo também está preparando uma programação especial. Confira!
Hora da agenda: hoje e amanhã o Arquivo Público do Sergipe comemora seu aniversário de 98 anos com uma bela programação; e, entre os dias 20 e 22 de outubro acontece o V Congresso Brasileiro de Arquivos do Poder Judiciário, evento que discute os desafios da gestão de documentos arquivísticos digitais no âmbito do Poder Judiciário.
Mundo
A UNESCO está lançando um curso virtual sobre patrimônio documental e ensino. É em inglês, mas vale a pena conferir.
Por falar em curso, Anna Szlejcher também ministrará uma oficina de introdução do patrimônio documental, organizada pela Escuela de Archivologia de Córdoba, Argentina.
Na Espanha, a filmoteca, a biblioteca e o arquivo da Catalunha promovem a Terceira Jornada sobre o Patrimônio Sonoro e Audiovisual. No final do mês – e presencialmente.
O Conselho Internacional de Arquivos está com inscrições abertas para interessados em atuar como "mentores" de novos profissionais. O prazo para se inscrever termina em 28 de outubro.
Para ler com calma
Nathália Machado: aos 71 anos, a faxineira Dona Maria passa em faculdade pública e vira universitária (via VioMundo).
O novo – e elegante – número da Revista do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo.
Prédio no Rio que acolhe relíquias do cinema nacional tem até rato caindo do teto (via O Globo).
Dave Smith, o arquivista que fundou os Arquivos de Walt Disney (em espanhol, via Julian Marquina).
Para ver com calma
Homem egípcio coleciona joias cinematográficas antigas (em espanhol, via Reuters).
Conversatorio: Futuro de la Archivística y los archivistas (em espanhol, via Ciencia de la Información UQ).