Ano IV ● Edição 156 ● Novembro de 2021
Publicada há pouco mais de dez dias, a nomeação do novo diretor-geral do Arquivo Nacional, Ricardo Borda D'Água de Almeida Braga, vem enfrentando grande resistência não apenas da comunidade arquivística, mas de parte significativa da intelectualidade e da política brasileiras. Os protestos, iniciados pelo Fórum Nacional de Associações de Arquivistas (FNArq), foram engrossados nos últimos dias pelo Fórum de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (FEPARQ) e por instituições representativas de pesquisadores e profissionais, como ANPUH e IAB, entre outras.
Ao longo da semana, os principais meios de comunicação repercutiram a nomeação de Borda D'Água. O Jornal da Cultura, da TV Cultura, fez uma reportagem sobre o tema, enfatizando a falta de formação do novo gestor. Já a Folha de S. Paulo abriu espaço para que um de seus principais articulistas, o escritor Ruy Castro, criticasse a nomeação. E até a ex-ministra e presidenciável Marina Silva manifestou preocupação com a inexperiência do novo diretor.
Além dos protestos, o Ministério Público Federal abriu investigação para apurar as circunstâncias da nomeação de Ricardo Borda D'Água. De acordo com a CNN Brasil, o órgão apura se a nomeação contradiz a necessidade de que os indicados para cargos de gestão tenham expertise técnica na área de atuação. No Congresso, as deputadas Erika Kokay e Benedita da Silva propuseram uma Moção de Defesa do Arquivo Nacional. No texto, as deputadas sugerem que o Legislativo apoie a nota publicada pelo FNArq e subscrita por mais de 60 instituições.
Tanto o Ministério da Justiça e Segurança Pública, quanto o Arquivo Nacional ainda não se pronunciaram sobre a mudança na direção. O Giro tentou contato com o AN, mas não recebeu resposta da instituição até o fechamento desta edição. Nomeado no último dia 19, o novo diretor é aposentado pelo Banco do Brasil, onde atuou na área de segurança, e ex-empresário do setor. Ricardo Borda D'Água foi também subsecretário de prevenção à criminalidade do Distrito Federal.
No oitavo episódio da série Ilumiére, Amanda Xavier e Juliana Horta conversam com os arquivistas Michelle Witkowski e Vanderlei Batista dos Santos sobre o filme Infiltrado na Klan e sua relação com a Arquivologia.
Brasil
O Detran do Espírito Santo arrecadou e doou para oito associações de recicladores os recursos provenientes da eliminação de quase 72 mil toneladas de papel. A eliminação foi feita com base nos instrumentos de gestão do órgão.
Agora todas as funções ligadas às atividades-meio das secretarias de Estado do Rio Grande do Sul estão mapeadas. O trabalho foi feito no marco de um projeto do Arquivo Público estadual em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
O Arquivo Público Mineiro digitalizará mais de 60 mil páginas de documentos da última ditadura civil-militar brasileira. O projeto será coordenado pelo prof. Rodrigo Patto Sá Motta, da UFMG.
O chamado "orçamento paralelo" do Congresso já sugou mais de R$ 23,4 bilhões, mas ninguém sabe ao certo o destino do dinheiro. De acordo com os congressistas, "não há documentos" sobre o dinheiro gasto nas emendas parlamentares.
E na agenda desta semana, a boa pedida é acompanhar o 14º Fórum de Arquivos e Arquivos, promovido pela Casa de Osvaldo Cruz. Na sexta, dia 3, às 10h.
Mundo
Os preparativos para o próximo Congresso Internacional de Arquivos estão a todo o vapor. O evento será realizado em Roma e terá como tema central a máxima "Archives: bridging the gap" ("Arquivos: construindo pontes").
Por falar em eventos, estão abertas as chamadas de trabalhos para o 10th International Conference on the History os Records and Archives (ICHORA).
O leilão de um conjunto de anotações de Albert Einstein sobre a teoria da relatividade rendeu quase 10 milhões de euros para os leiloeiros. Os documentos foram arrematados em Paris, na semana passada.
Pelo mundo, duas novas publicações de encher os olhos. Na Espanha, revista Tábula publica seu mais novo número; e no Chile, saiu o número 2 da série "Derecho a la memoria", desta vez intitulado Archivos, mujeres, géneros y derechos humanos.
Para ler com calma
Marie Curie: as anotações da cientista que ficarão guardadas em caixas de chumbo por 1,5 mil anos (via BBC).
"Sou uma pessoa que não exista" (via Piauí).
Sete de cada dez documentos sigilosos no Governo Federal pertencem à Marinha (via Piauí).
Para ver com calma
Os vídeos do XV Encontro Catarinense de Arquivos (via AAESC).
Uma playlist imperdível que reúne antigas edições da Jornada Arquivística da UNIRIO (via Revis-ARQ).
E o evento Goyaz 2001 +20, sobre Acervos Arquivísticos (via UFG Oficial).