Ano III ● Edição 125 ● Abril de 2021
No domingo, 14, o site da Biblioteca Nacional, que dá acesso a um dos maiores repositórios do país, sofreu um ataque ransonware e precisou ser retirado do ar. Limitar o acesso foi a forma encontrada para amenizar os riscos da invasão, mas na terça, dia 13, um novo ataque foi reportado. De acordo com a BN, na segunda invasão "poucos documentos foram atingidos", mas o site precisou novamente ser retirado do ar.
Como relata o portal especializado Olhar Digital, "ataques ransonware, normalmente, exigem um 'resgate' pelos arquivos que são extraídos e criptografados pelos invasores". A ideia dos criminosos é de que uma quantia – geralmente cobrada em bitcoin – seja paga pela instituição que é vítima do ataque, mas especialistas aconselham que o resgate não seja efetivado, justamente para não incentivar a prática.
A Biblioteca Nacional encaminhou o caso ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que deverá investigar a invasão. O site da BN segue fora do ar, gerando um impacto (e um prejuízo) incalculável a milhares de pesquisadores no Brasil e no exterior. Atualmente, os repositórios da Biblioteca – com especial destaque para a Hemeroteca Digital – são uma das principais vias de acesso a documentos que subsidiam milhares de pesquisas, principalmente nas chamadas Ciências Humanas. O bloqueio do acesso, ainda que temporário, gera apreensão em quem depende do material.
Embora geralmente reversíveis e contornáveis, ataques como os sofridos pela BN na semana que passou acendem um alerta para instituições arquivísticas, cada vez mais devotadas à preservação de arquivos nato-digitais. Estamos preparados para lidar com os riscos de invasões como estas? Quais são as condições reais do investimento em segurança da informação no Brasil? Estamos formando profissionais capazes de enfrentar tamanhos desafios?
Brasil
Os trabalhadores da Cinemateca Brasileira lançaram um novo manifesto. No documento, os profissionais manifestam preocupação com as condições de preservação do acervo e com a falta de acesso ao mesmo. A Cinemateca está fechada desde agosto do ano passado.
Morreu Angela Bittencourt, funcionária da Biblioteca Nacional responsável por importantes projetos da casa, incluindo a Hemeroteca Digital e a Brasiliana Fotográfica.
A companhia mineradora Vale encontrou – por acaso, em meio a material que iria para o lixo – um álbum de fotos dedicado a Getúlio Vargas, em 1944. O material foi incorporado ao acervo da empresa.
O governo do Estado de Minas Gerais lançou o Plano de Salvaguarda de Acervos de Arquitetura e Urbanismo. Vale a pena conhecer.
Hora da agenda semanal: estão abertas as inscrições de atividades para a 5ª Semana Nacional de Arquivos; na próxima segunda, 26, o GEPE-Arq da UFPB promove a palestra "A centralidade do contexto na Ciência dos Arquivos", com Clarissa Schmidt; na sexta, a UFBA promove a palestra "Gerenciamento eletrônico de documentos e gestão de documentos de arquivo", com Maralyza Pinheiro; e hoje, às 19h, o Projeto SESA organiza a live "Ética, proteção dos animais (Abril Laranja) e sustentabilidade".
Mundo
Morreu Charles Kecskemeti, húngaro que foi um dos principais responsáveis pela consolidação do Conselho Internacional de Arquivos (ICA). Kecskemeti esteve no Brasil em mais de uma ocasião, sempre atuante na defesa dos valores apregoados pelo ICA. Tinha 88 anos.
Foram divulgados os projetos selecionados pelo programa Iberarquivos 2020. A Fundação Pedro Calmon, da Bahia, e a Unicamp foram agraciados.
Geert-Jan Van Bussel lançou o e-livro Papers on Information and Archival Studies I. Vale a pena conferir.
Agenda internacional: no dia 26, ocorre a III Jornadas Nacionales de Conservación Preventiva e Gestión de Riesgo; e hoje, às 20, ocorre a mesa redonda "Archivos en el centro de la Memória".
Para ler com calma
Documentos desclassificados revelam atrocidades nazis em Stalingrado (via ZAP.aeiou).
Como a Nestlé se apropriou das receitas brasileiras (ou de como viramos o país do leite condensado) (via O Joio e o Trigo).
AGU de Bolsonaro recria 'sigilo eterno' para documentos das Forças Armadas (via Estadão).
Filme desaparecido do mestre Orson Welles pode estar no Brasil (via rfi).
Para ver com calma
Onde estudar Arquivologia no Brasil (via Neilton Vitorino).
Os vídeos do II Acolhimento Arquivístico promovido pela UFPB (via Arquivologia Remota UFPB).
e-ARQ Brasil Modelos de requisitos para sistemas informatizados de gestão de documentos (via Daniel Flores).