Ano III ● Edição 120 ● Março de 2021
O Arquivo Nacional apresentou no último dia 4 o projeto SIGA 2035, realizado em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O projeto tem como intuito estabelecer uma metodologia de estudo e de implementação de ações com um objetivo ambicioso, mas fundamental: tornar a gestão de documentos e arquivos reconhecida como função estratégica de Estado pelos próximos 15 anos.
O projeto investigou as principais necessidades dos ministérios e órgãos da administração pública federal – âmbito a que se aplica. A partir desta investigação, foram definidos cinco aspectos fundamentais que servirão para guiar o projeto em relação às políticas institucionais, aos profissionais envolvidos, à relação do usuário com a informação produzida, à inovação de produtos e serviços em gestão e à tecnologia e inovação. A ideia é que cada um dos aspectos seja guiada pelas chamadas sementes do futuro – as ações a serem realizadas no prazo estipulado.
Na apresentação do projeto – que infelizmente não pode ser acessado no formato de texto, estando disponível apenas através do vídeo em que foi revelado ao público – não ficaram claras as ações objetivas a serem realizadas pela proposta. Há, isso sim, um claro intento de prospectar o cenário atual, levando em consideração, inclusive, temas polêmicos da área, como a extinção de cargos de arquivista no serviço público.
Embora ainda focado na administração pública federal, o SIGA 2035 é uma iniciativa interessante, justamente por levar em consideração um prazo médio – que abrange um período para além de governos e gestões em ação. Trata-se, portanto, de uma iniciativa para ser acompanhada de perto. Muitas ações engendradas pelo Sistema Nacional de Arquivos nos últimos anos começaram promissoras, mas se perderam no emaranhado confuso das ações do Estado em relação a seus arquivos. Que desta vez seja diferente.
Brasil
Criada a partir da Portaria do Arquivo Nacional nº 6, de 23 de fevereiro de 2021, a Comissão de Coordenação do Sistema de Gestão de Documentos e Arquivo (CCSIGA) realizou sua primeira reunião na última quinta, 11. A Coordenação foi criada para ampliar a atuação do SIGA – e tirar o AN da periferia do sistema.
O Arquivo Nacional lançou o novo catálogo da Biblioteca Maria Beatriz Nascimento. O novo sistema, mais intuitivo e organizado, deve agilizar as pesquisas no acervo.
Por falar em Arquivo Nacional, os funcionários da instituição organizaram um abaixo-assinado que reivindica a manutenção do trabalho remoto enquanto a pandemia do novo coronavírus seguir ameaçando a saúde pública e coletiva no país.
O Brasil continua sem conseguir superar a ideia do "arquivo histórico" – e agora também na versão digital. A Secretaria Municipal de Educação de Criciúma (SC) quer digitalizar documentos das escolas mais antigas da cidade para criar um "arquivo histórico" com eles.
O novo Portal da Transparência de Porto Alegre vai custar mais de R$ 2 milhões. O projeto, promete a Prefeitura, será debatido com a sociedade civil.
E o Conselho Nacional de Arquivos se tornou membro do Programa Nacional de Gestão Documental e Memória do Poder Judiciário (Proname).
Mundo
Diferentemente do Brasil, onde o programa foi abandonado, na Costa Rica está aberta a convocatória oficial do Registro Nacional do Memória do Mundo 2021. O prazo para a submissão de candidaturas vai até 25 de junho.
O município de Guimarães, em Portugal, adquiriu um espólio fotográfico com mais de 6 mil itens. A coleção pertencia à empresa José Carlos Moreira Fotografia.
Emmanuel Macron decidiu finalmente facilitar a desclassificação dos arquivos da guerra da Argélia, uma das passagens mais vexaminosas da história francesa.
A Universidade de Potsdam identificou aquele que pode ser o mais antigo manuscrito com texto da Bíblia já conhecido. O Deuteronomia de Shapira foi reconhecido como original pelos especialistas que o investigaram.
Para ler com calma
Quando suas fitas de vídeo doméstico são um arquivo histórico (em espanhol, via El Diário).
O inferno dos trâmites online (em espanhol, via La Cruz del Sur).
Deep Nostalgia e o falseamento profundo da história pelas IAs, por Gisele Beiguelman (via Revista Zum).
Para ver com calma
Os vídeos do Seminário Permanente de investigação sobre arquivística computacional (em espanhol, via UAB).
Administração eletrônica com funcionários analógicos, por Concepcion Campos (em espanhol, via Universitat de Valencia)