Ano III ● Edição 117 ● Fevereiro de 2021 

Com exceção das paradinhas rápidas de final de ano – que já são uma praxe nossa –, este Giro está circulando ininterruptamente há meses, sempre trazendo o que é notícia no Brasil e no mundo da Arquivologia.

Pois que, em um mundo tão atribulado, marcado pela mais resistente das pandemias do último século e pela sobrecarga de trabalho em casa, achamos que é tempo de descansar um pouco. Uma breve retomada de fôlego para um ano que promete... O leitor mais atento observará, portanto, que a edição desta semana é mais enxuta. Ainda não estamos de férias, mas já entramos no ritmo.

Na semana que vem, Carnaval, e na próxima, não circularemos – a menos que algo de muito extraordinário nos tire do descanso. Voltamos à normalidade no dia 2 de março, aí sim, sem novas paradas previstas.

Como ainda não batemos nossas principais metas de assinantes, pedimos que você nos ajude neste tempo de pausa. Divulgue o Giro. Faça com que circulemos entre seus contatos. Voltamos em breve!

O Direito ao Esquecimento volta à pauta

O Supremo Tribunal Federal se encaminha para decidir se a Justiça brasileira contará ou não com o esquecimento público entre o rol de direitos previstos no país. O caso, que se arrasta há décadas e é desdobramento de um processo contra a TV Globo, começou a ser julgado na semana passada, a partir do voto do relator, o ministro José Dias Toffoli.

Se for aprovado como direito, a Justiça poderá proibir um fato antigo de ser exposto ao público como forma de respeito à privacidade e a intimidade das pessoas envolvidas. O tema é polêmico e o voto de Toffoli indica que o direito não será concedido. Advogados da TV Globo, que defendem que o direito não seja institucionalizado, argumentam que a liberdade de expressão e de imprensa pode ser atingida pela medida. 

Controverso, o tema atinge os arquivos em cheio. Além de ser contranitente ao livre acesso à informação e à transparência, o direito ao esquecimento pode pautar uma série de revisões sobre fatos, episódios e pessoas documentadas ou protagonistas da história. Trata-se, portanto, de tema de interesse da comunidade arquivística.

Brasil

Morreu no Rio, no dia 1º, a professora Leila Beatriz Ribeiro, ligada ao Departamento de Processos Técnicos Documentais e do Programa de Pós-Graduação em Memória Social da UNIRIO.

O Arquivo Nacional lançou o Guia Fontes, um índice de fontes de toda a instituição. A ideia é facilitar o acesso aos documentos custodiados pela instituição.

A FIOCRUZ lançou seu Programa de Preservação Digital de Acervos. Vale a pena conferir!

Uma denúncia gravíssima: fotos que circulam em redes sociais mostram que a biblioteca de obras raras e documentos do Departamento de Obras Contra as Secas (Dnocs), no Recife, pode ter sido descartada indevidamente. A direção da instituição justificou que está mudando o acervo de lugar e que a forma de transporte – contra quaisquer regras da área – é a "mais prática e econômica".

E teve reunião do CONARQ, na semana passada. O vídeo com os debates está disponível.

Mundo

O Archivo General de Indias está sob nova direção. Ex-diretora do Archivo Provincial de Málaga, na Espanha, María Esther Cruces Blanco foi nomeada na semana passada.

A fantástica revista Archivamos, editada na Espanha, liberou o acesso a seus números até 2016.

Imperdível! Começaram as obras do Archivo Provincial de Castelló, na Espanha. Trata-se de um dos maiores investimentos recentes no campo arquivístico, no país.

Na Argentina, cidadãos se mobilizam para evitar que o imenso arquivo do Club del Trueque. Os documentos estão em um depósito que precisará ser desalojado.

Para ler com calma

Aqui está o arquivo robotizado do município de Milão construído em um antigo armazém (em italiano, via MilanoToday).

O vasto arquivo de fotos escondido dentro de uma mina de calcário fria e fortemente protegida (em inglês, via AtlasObscura).

Existe um negócio lucrativo que alimentou o megavazamento de dados (via UOL).

Para ver com calma

Para ouvir, melhor dizendo: Podcast abre baú de fã de João Gilberto que encontrou pérolas do pai da bossa nova (via Folha).

E a digitalização de livros e documentos pelo Internet Archive. Fascinante.