Ano II ● Edição 102 ● Outubro de 2020 

No Dia do Arquivista, o que esperar da profissão no Brasil?

Instituído em referência ao dia em que o Marquês de Olinda apresentou a proposta de criação do que anos mais tarde viria a ser o Arquivo Nacional, o Dia do Arquivista é comemorado hoje no Brasil. A data, que já marcou também o aniversário da extinta Associação dos Arquivistas Brasileiros, é a mais importante do "calendário arquivístico" nacional e, por isso, enseja eventos, lançamentos de publicações e homenagens.

Neste atribulado 2020, vincado pela maior pandemia dos últimos 100 anos, o 20 de outubro deve ser um pouco diferente. Com foco no virtual, serão várias as comemorações. Dentre os eventos acadêmicos, destacam-se os promovidos pela FURG, pela UEPB e pelo FNArq. Já entre as iniciativas em homenagem aos profissionais, vale visitar a exposição virtual Empoderando a sociedade: 60 anos do ensino de Arquivologia no Brasil, lançada em junho e atualizada especialmente para o Dia do Arquivista.

Para quem deseja conhecer mais sobre a profissão, há também a possibilidade de navegar pelas redes sociais. No Instagram, rede que atualmente domina a preferência dos internautas, a área nunca esteve tão presente. Há perfis interessantes, como Arquivaria e Arquivo Lab, produtores de bom conteúdo sobre o campo. Já para quem gosta de podcast, a dica é ouvir o ECCOA. E, para quem prefere Facebook ou Twitter, a página Arquivística, administrada pelo professor José Maria Jardim, também continua sendo um meio e tanto de se manter informado sobre a profissão.

Dados preliminares da Pesquisa Nacional sobre a Ocupação em Arquivologia (PNOA), realizada na Universidade Federal de Santa Maria, revelam que o Brasil cerca de 26 mil pessoas trabalham em ocupações vinculadas à Arquivologia – menos de mil como servidores públicos federais. Parece – e ainda é – pouco, mas a realidade brasileira não é das piores se comparada com nossos vizinhos latino-americanos (onde a profissão sequer é regulamentada, na maioria dos casos). Os reveses vividos pelo campo nos últimos anos – encerramento da associação nacional, dificuldades de instituição de um conselho profissional, derrubada do registro de arquivista – comprometem a área e devem ser observados com atenção pelos profissionais a ela vinculados. Mesmo assim, há espaço para crescer e melhorar: a expansão digital, a preocupação com dados e mesmo a boa e velha gestão de documentos em suporte físico ainda são espaços que exigirão muito trabalho e conhecimento no Brasil.

Cá no Giro, da nossa maneira, seguimos dando nossa contribuição para que a área se integre e seus profissionais possam se reconhecer cada vez mais. Países não existem sem arquivos e arquivos de nada servem se não forem acessíveis. É para garantir o acesso a eles – amplo, qualificado e potente – que existem os arquivistas. Um feliz dia! 

Brasil

Sobre o tema que abordamos na edição #101, referente ao destino do programa Memória do Mundo no Brasil, recebemos de nosso atento leitor Jonas Ferrigolo Melo o resultado de um pedido de esclarecimentos feito por ele ao Arquivo Nacional, sobre o tema. O AN informa que o Comitê do MoW Brasil foi extinto pelo presidente Jair Bolsonaro e que tem feito esforços para reativá-lo.

Por falar em presidência... A recém-criada Autoridade Nacional de Proteção de Dados será dirigida predominantemente por militares sem experiência na área.

O arquivo do jornalista e enciclopedista Moacir Werneck de Castro foi doado ao Instituto Moreira Salles. No fundo, preciosas cartas de Castro com Vinícius de Moraes e Portinari, entre outros.

Seguindo tendência internacional, a revista Ágora passará a ser editada em fluxo contínuo. Os artigos serão recebidos, aprovados, formatados e publicados, sem necessariamente compor uma edição.

Nas lives da semana, além da vasta programação em homenagem ao Dia do Arquivista, destaque para o webnário Memória musical e arquivos, promovido pela Prefeitura de São Paulo, e para a mesa "A documentação da Inspetoria de Hygiene do Espírito Santo". E vai até amanhã o I Seminário Vivências Arquivísticas, promovido pela UFAM.

Na semana que vem, tem mais uma edição do Preserva.me. Inscrições abertas.

Mundo

Hackers invadiram a página do Arquivo da Bielorrússia e publicaram notícias sobre a líder da oposição ao atual governo, Svetlana Tikhanovskaya.

O governo do México pediu formalmente ao papa Francisco a devolução temporária de documentos manuscritos indígenas, mantidos na biblioteca do Vaticano. A ideia é usar os registros nas comemorações dos 500 anos da conquista espanhola.

O Ministério de Cultura e Deportes da Guatemala declarou o Archivo Historico de la Policia Nacional (AHPN) como Patrimônio Cultural da Nação. O acervo guarda importantes informações sobre a guerra civil que marcou o país entre 1960 e 1996.

A famosa marca Zara resolveu revirar seus arquivos para relançar algumas peças icônicas de seu catálogo. O mundo da moda comemorou a notícia.

A fantástica revista espanhola Archivamos está com novo número na praça. O tema principal: arquivo eletrônico único.

Para ler com calma

A Funarte disponibilizou seu manual para catalogação de documentos fotográficos. Confira!

Porque Bukele não deixa abrir os arquivos militares em El Salvador? (em espanhol, via Sputnik).

Como a LGPD e a LAI vão se relacionar? (via Fiquem Sabendo).

E "Falta órgão externo para Lei de Acesso à Informação, diz Guilherme Canela" (via Poder 360).

Para ver com calma

Filme usa arquivos históricos para contar história do Rio Doce (via Século Diário).

A live com os bastidores de produção do curta-metragem que contará a história da Associação dos Arquivistas da Bahia.